Megan Park, cineasta de 38 anos, tem se consolidado no cenário artístico com produções de rara sensibilidade. Entre elas, destacam-se “A Vida Depois” (2021) e “Meu Eu do Futuro” (2024), que conquistaram amplo reconhecimento crítico. Suas narrativas, caracterizadas por um humor delicado, desvendam as intricadas relações humanas, equilibrando lirismo e profundidade. Park reflete sobre as emoções mais complexas com uma sutileza que combina melancolia e ternura.
Em “A Vida Depois”, acompanhamos Vada Cavell (Jenna Ortega), uma adolescente que, após sobreviver a um tiroteio escolar ao lado de Mia (Maddie Ziegler) e Quinton (Niles Fitch), tenta reconstruir sua vida. Unidos pelo trauma, os três personagens estabelecem laços profundos enquanto enfrentam o luto por seus colegas e o constante medo do imprevisível. Park explora, com delicadeza, os conflitos internos de Vada, que busca consolar sua família mesmo enquanto enfrenta suas próprias cicatrizes emocionais.
Essa sensibilidade se prolonga em “Meu Eu do Futuro”, uma comédia romântica que questiona as nuances das escolhas e suas consequências. A trama nos convida a imaginar: e se você pudesse se aconselhar com seu eu do futuro ou guiar seu eu do passado? Através de respostas sutis, a história nos lembra que nem tudo precisa ser alterado para encontrarmos nosso caminho.
O filme apresenta Elliot (Maisy Stella), uma adolescente criada em uma fazenda, que sonha com a vida na cidade grande e planeja estudar na Universidade de Toronto. Durante seus últimos dias em sua terra natal, compartilha momentos com as amigas Ruthie (Maddie Ziegler) e Ro (Kerrice Brooks) e vive um romance com sua namorada Chelsea (Alexandria Rivera). Porém, seus planos mudam quando uma versão futura sua (Aubrey Plaza) surge com um aviso enigmático: “Fique longe de Chad”.
Confusa por não conhecer nenhum Chad, Elliot ignora o aviso até se deparar com o rapaz, um jovem excêntrico que trabalha para seu pai. A princípio, ela tenta evitá-lo, mas sua gentileza e peculiaridade começam a despertar sentimentos inesperados. À medida que sua visão de mundo é abalada, Elliot questiona sua sexualidade e suas certezas sobre o futuro.
Sem respostas claras, a jovem busca desesperadamente contato com sua versão mais velha, que desaparece misteriosamente. A narrativa de Park conduz o público por reflexões sobre as dores e alegrias que moldam nossa essência. Momentos difíceis são, muitas vezes, a base de quem nos tornamos e podem guardar preciosas lembranças.
No desfecho, Park revela uma mensagem poderosa: viver o presente, com suas imperfeições e encantos, é um exercício de coragem. A trajetória de Elliot, repleta de sabores contrastantes, celebra o aprendizado que emerge das experiências mais simples e inesperadas. A lição de Fernando Pessoa ecoa ao final: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.
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