Todos deveriam assistir a esta história que toca o coração: o filme da Netflix que é um presente para a alma Divulgação / Netflix

Todos deveriam assistir a esta história que toca o coração: o filme da Netflix que é um presente para a alma

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023 e vencedor do Grande Prêmio no Festival de Cannes, “Close” é uma produção envolvente dirigida pelo belga Lukas Dhont. Inspirado na obra “We Two Boys Together Clinging”, de David Hockney, o longa explora questões como amadurecimento, machismo e heteronormatividade, sem definir explicitamente a sexualidade de seus jovens protagonistas, oferecendo um retrato sensível e multifacetado de suas vivências.

A trama não aborda diretamente a homossexualidade, pois em momento algum os personagens Leo (Eden Dambrine) e Remi (Gustav De Waele) manifestam sentimentos românticos ou identificações sexuais. Embora o público possa inferir algo, a pureza infantil e a ausência de sexualidade entre eles reforçam a complexidade das normas sociais que os cercam. Assim, a história aprofunda o impacto de valores heteronormativos e do machismo desde a infância.

O machismo, frequentemente associado a preconceitos contra mulheres, também aprisiona os homens. Demonstrar emoções ou afeto, além de possuir traços considerados delicados, é visto como inadequado dentro dessas normas. A relação afetuosa de Leo e Remi, por exemplo, é alvo de comentários que subestimam o verdadeiro significado de sua amizade, tocando em camadas profundas de construção da masculinidade.

No núcleo familiar, a afeição entre os garotos é vista com naturalidade. Nathalie (Léa Drucker), mãe de Leo, sente-se confortável ao saber que seu filho está na companhia de Remi e sua família, composta por Sophie (Émilie Dequenne) e Peter (Kevin Janssens), que tratam Leo como um dos seus. Há harmonia e pertencimento nesses lares, distantes de qualquer conotação sexual que pudesse comprometer a inocência dessa ligação.

No entanto, quando colegas na escola insinuam que Leo e Remi poderiam ser gays, Leo responde que são como irmãos. Ainda assim, as provocações acabam abalando Leo, que começa a questionar sua relação com Remi. A partir daí, surge um afastamento gradual. Remi, mais introspectivo e sensível, sente o impacto dessa distância, sofrendo silenciosamente enquanto Leo busca integração com os colegas, aderindo ao time de hóquei.

Essa mudança de dinâmica isola Remi, que se torna uma presença cada vez mais etérea na narrativa. A delicadeza poética pretendida por Lukas Dhont, no entanto, acaba prejudicando a clareza do arco emocional de seus personagens, deixando lacunas na evolução do ressentimento de Remi e no desfecho doloroso que se segue. Ainda assim, a combinação entre a trilha sonora evocativa e a fotografia delicada torna “Close”, disponível na Netflix, uma experiência sensorial e reflexiva.

Filme: Close
Diretor: Lukas Dhont
Ano: 2022
Gênero: Drama
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★