90 milhões de visualizações e 76 semanas no Top 10 mundial: o filme europeu mais assistido de 2024 na Netflix Divulgação / Netflix

90 milhões de visualizações e 76 semanas no Top 10 mundial: o filme europeu mais assistido de 2024 na Netflix

O rio Sena, que atravessa a região norte da França ao longo de quase 800 quilômetros, é mais conhecido como um símbolo romântico de Paris. Mas, sob suas águas tranquilas, emerge um horror inesperado: a presença de um tubarão predador. Essa premissa surpreendente dá vida a “Sob as Águas do Sena”, produção original da Netflix dirigida por Xavier Gens e coescrita por Maud Heywang e Yannick Dahan. Misturando suspense, humor e uma mensagem ambiental, o filme transforma o corriqueiro em algo assustadoramente memorável.

A trama acompanha Sofia (Bérénice Bejo), uma mergulhadora experiente e ativista ambiental. Anos antes, durante uma missão para documentar a poluição no Oceano Pacífico, Sofia testemunhou um ataque fatal de um tubarão, que culminou em um confronto quase fatal. Esse evento traumático levou-a a abandonar sua carreira e a assumir um papel mais discreto como guia turística. Porém, seu passado ressurge quando é informada por uma jovem ativista sobre a aparição de um tubarão monitorado — apelidado de Lilith — nas águas do Sena. Relutante, Sofia se vê forçada a enfrentar não apenas os perigos de um predador letal, mas também o ceticismo das autoridades e a iminência de um desastre durante os Jogos Olímpicos de 2024, cujas provas de natação serão realizadas no rio.

O filme evoca clássicos do cinema como “Tubarão” e “Godzilla”, mas acrescenta uma dose de irreverência ao se inspirar em produções trash e filmes B. Com uma narrativa que oscila entre o grotesco e o humorístico, “Sob as Águas do Sena” utiliza Paris como um cenário atípico para o gênero, misturando o charme da cidade-luz com o horror visceral. Xavier Gens explora com habilidade o contraste entre o conhecido e o insólito, criando cenas de tensão subaquática que amplificam a claustrofobia e a vulnerabilidade dos personagens.

O trabalho de Gens é claramente influenciado pelo cinema hollywoodiano, mas não deixa de incorporar uma identidade própria. As sequências que mostram o tubarão em ação são tanto impactantes quanto deliberadamente exageradas, convidando o espectador a um misto de medo e diversão. A performance de Bérénice Bejo ancorá a narrativa, trazendo um equilíbrio essencial entre vulnerabilidade e coragem. Lilith, a criatura que se tornou o centro de toda a tensão, é apresentada não apenas como um vilão, mas também como um sintoma dos problemas ambientais causados pela humanidade.

Apesar de seu apelo à aventura e ao horror, o filme não deixa de abordar questões importantes. A trama incorpora uma mensagem ambiental contundente, questionando a relação negligente do ser humano com a natureza. A poluição do Sena, um dos problemas reais enfrentados pela cidade, é inserida como pano de fundo para as ameaças fictícias, ampliando o impacto do enredo.

Por outro lado, a recepção crítica à produção foi mista. Alguns apontam a falta de refinamento na execução e o roteiro previsível como fraquezas que comprometem a experiência. Contudo, para os aficionados por suspense e cenas de horror criativamente absurdas, “Sob as Águas do Sena” entrega uma diversão que é difícil de ignorar.

Com um cenário icônico transformado em um palco de terror aquático, a produção equilibra sustos e risos, oferecendo uma experiência que, embora longe de perfeita, é memorável. Entre os clichês do gênero e o toque de originalidade de Gens, “Sob as Águas do Sena” se posiciona como uma obra que não teme explorar os extremos para entreter e provocar reflexão.

Filme: Sob as Águas do Rio Sena
Diretor: Xavier Gens
Ano: 2024
Gênero: Ação/Drama/Terror
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★