A história desenrola-se como um movimento pendular, em que, conforme destacou aquele pensador de barba longa, os eventos e personagens centrais de cada época não se repetem, mas seguem um padrão constante: surgem primeiramente como tragédia — um ponto que pode sempre ser debatido. Quando episódios semelhantes emergem e ganham espaço no cenário que define os destinos de uma nação, trazem consigo um tom farsesco, marcado por glórias ilusórias, impregnadas de utopias rasteiras, obscurantismo e mistificações.
Quanto maior é a prosperidade de um país, mais inimigos atrai. O poder, tal como uma droga viciante, domina as relações humanas, com efeitos devastadores. “Invasão ao Serviço Secreto” insere-se no estilo fetichista de Hollywood, onde o herói atormentado assume a responsabilidade de salvar sua pátria de ameaças externas. Ao mesmo tempo, dilemas sobre a condução da política internacional dos EUA, em especial no que diz respeito à segurança e soberania, são tratados de forma apressada e superficial.
Mike Banning, o protagonista, acompanha o presidente Alan Trumbull em uma pescaria, uma pausa estratégica em Washington. Mas um enxame de drones atravessa o espaço aéreo e lança uma série de ataques fatais, eliminando a equipe de segurança liderada por Banning. Esse evento inesperado dá início a uma trama que explora as fragilidades do herói. Sob a direção de Ric Roman Waugh, com roteiro de Matt Cook e Robert Mark Kamen, a narrativa constrói um retrato das incertezas que cercam seu personagem central.
Banning, apresentado como um pai dedicado e marido atento, vive um dilema íntimo. O diretor aproveita momentos de descontração, como um jantar com Wade Jennings, amigo de tempos militares, para destacar a decadência física do personagem, afetado por dores crônicas e problemas neurológicos graves. Esse aspecto pessoal torna-se crucial após o ataque, quando Banning se vê hospitalizado e enfrenta a visita de Helen Thompson, uma agente do FBI interpretada por Jada Pinkett Smith.
As acusações recaem sobre ele: evidências financeiras apontam para uma suposta ligação com um magnata russo. Da desconfiança inicial entre o personagem de Gerard Butler e Morgan Freeman, surge a necessidade de colaboração para proteger o país e desmascarar o verdadeiro culpado. Apesar das boas atuações, a presença burocrática de talentos como Tim Blake Nelson e Lance Reddick reforça a impressão de que esta é apenas uma variação pouco ousada de “Olympus Has Fallen” (2013), com Freeman agora no papel de líder máximo dos EUA.
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