O filme que lidera o Top 1 global do Max há 20 dias e já é a maior audiência do streaming em 2024  Divulgação / Warner Bros.

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“Bem-vindos, senhoras e senhores! A diversão começa agora!” — uma frase que parece marcar o verdadeiro início da narrativa em clássicos como “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008), de Christopher Nolan, após um assalto inicial conduzido com precisão cirúrgica. No entanto, em “Coringa: Delírio a Dois”, a promessa de impacto se dilui antes mesmo de ganhar forma. Todd Phillips busca aprofundar a complexidade de um dos vilões mais emblemáticos da cultura pop, mas acaba entregando um filme preso em pretensões vazias e uma execução que raramente atinge o nível esperado.  

Embora a intenção de explorar o homem por trás da maquiagem e do sorriso grotesco seja louvável, o resultado não corresponde ao potencial da premissa. A abordagem, que já foi alvo de críticas no “Coringa” de 2019, com seu final polarizador, agora nem sequer provoca polêmica suficiente para manter o espectador envolvido. Este novo capítulo é, no melhor dos casos, uma tentativa cansativa de reinvenção, e no pior, uma reflexão frustrante sobre os limites da loucura e da humanidade. 

Ao invés do Coringa que instiga o caos em Gotham City, o público encontra Arthur Fleck, um homem reduzido a uma sombra apagada de seu alter ego. Preso no Asilo Arkham, ele não passa de mais um caso banal de insanidade criminal, sem a presença magnética e a ameaça que definem o vilão. Scott Silver e Todd Phillips optam por retratar a fragilidade e os pensamentos caóticos de Fleck, oferecendo um tom lírico que se esforça por sensibilizar, mas carece de contundência. A trama se desenrola em torno de devaneios musicais e momentos de humor mórbido, nos quais Fleck se imagina em um eterno espetáculo, arrancando risos de carcereiros e revelando sua bipolaridade em lampejos. Apesar dessa tentativa de originalidade, a narrativa pouco avança e raramente surpreende. 

A situação ganha um novo rumo quando Fleck é autorizado a participar de aulas de canto terapêuticas, onde conhece Lee Quinzel, uma personagem que sugere a possibilidade de novas dinâmicas emocionais. Porém, essa relação não traz o impacto esperado. Joaquin Phoenix entrega uma atuação sólida, que reafirma sua habilidade de transitar entre extremos emocionais, mas sem o frescor transformador que sua interpretação anterior trouxe ao personagem. Lady Gaga, por sua vez, entrega uma performance apenas competente, sem o brilho ou intensidade que já demonstrou em “Nasce Uma Estrela” (2018). O filme se apresenta como uma experiência ousada, mas sua repetitividade e desequilíbrio acabam exaurindo o espectador, ao invés de engajá-lo em reflexões significativas. “Coringa: Delírio a Dois” é uma obra que aspira à inovação, mas falha em sustentar sua narrativa, resultando em um espetáculo que carece de alma e consistência. 

Filme: Coringa: Delírio a Dois
Diretor: Todd Phillips
Ano: 2024
Gênero: Musical/Thriller
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★