Encontrar um amor duradouro em tempos modernos pode parecer uma missão impossível. E, diante da complexidade das relações atuais, talvez a melhor abordagem seja deixar de lado planos grandiosos e simplesmente abraçar o inesperado. Essa é a ideia central de “Amor com Data Marcada”, uma comédia romântica dirigida por John Whitesell que, embora tenha intenções claras de entreter, tropeça em clichês e repetições que já não surpreendem no gênero.
O filme traz Emma Roberts no papel principal, carregando o peso de um sobrenome icônico no universo das comédias românticas. Mas, diferentemente das performances memoráveis de sua tia, Julia Roberts, em clássicos como “Um Lugar Chamado Notting Hill” (1999) e “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997), Emma não consegue elevar o material limitado do roteiro de Tiffany Paulsen. A trama, superficial e previsível, falha em capturar a essência emocional que define os grandes sucessos do gênero.
Sloane Benson, interpretada por Roberts, é uma mulher de trinta e poucos anos que enfrenta a pressão constante de sua família para encontrar um par romântico. Durante uma ceia de Natal repleta de casais felizes, sua mãe, Elaine, insiste em questioná-la sobre sua vida amorosa, criando um desconforto que o filme transforma em uma piada recorrente. Paralelamente, Jackson, vivido por Luke Bracey, é um jogador de golfe que também sofre com a solidão em datas comemorativas, muitas vezes se vendo em situações embaraçosas ao aceitar convites de última hora para jantares na casa de mulheres que mal conhece.
O destino une Sloane e Jackson em uma loja de departamentos, onde ambos reclamam da exaustão das festas de fim de ano. Essa conexão inicial leva-os a firmar um pacto curioso: serão o par um do outro em todas as celebrações ao longo do ano seguinte, sem qualquer compromisso emocional. A ideia, que poderia render situações criativas, rapidamente se desgasta, à medida que o filme se prende a uma lista interminável de feriados clichês — do Natal ao Dia de Ação de Graças, passando pelo Cinco de Mayo e pelo Dia de São Patrício.
A química inicial entre Roberts e Bracey é uma das poucas qualidades do longa, mas mesmo isso se perde diante de um roteiro que insiste em piadas repetitivas e situações forçadas. O elenco de apoio, que inclui a sempre carismática Kristin Chenoweth como a tia irreverente de Sloane, também é subutilizado, com personagens que parecem existir apenas para preencher espaço. Susan, a tia ninfomaníaca vivida por Chenoweth, é um exemplo claro disso, oferecendo momentos que pouco ou nada adicionam à narrativa principal.
A comparação inevitável com clássicos do gênero destaca ainda mais as deficiências de “Amor com Data Marcada”. Filmes como “Uma Linda Mulher” (1990), dirigido por Garry Marshall, e estrelado por Julia Roberts, marcaram época ao explorar personagens cativantes e relações humanas com profundidade. Em contrapartida, a obra de Whitesell parece se contentar com soluções fáceis e uma narrativa sem grandes ambições.
No fim das contas, “Amor com Data Marcada” se revela uma experiência frustrante para os fãs de comédias românticas. Apesar do potencial da premissa e do carisma de seus protagonistas, o filme não consegue superar a mediocridade do roteiro, entregando uma história que se arrasta sem brilho ou surpresas. Um lembrete, talvez, de que o verdadeiro encanto das boas histórias de amor está na capacidade de conectar o público com personagens autênticos e situações que transcendam o lugar-comum.
★★★★★★★★★★