Damien Chazelle, aos 39 anos, consolidou seu nome como um dos grandes cineastas de Hollywood, mesmo com uma filmografia enxuta de apenas oito longas. Seu segundo filme, “Whiplash: Em Busca da Perfeição”, conquistou três Oscars e 95 outros prêmios, enquanto “La La Land: Cantando Estações”, uma vibrante celebração à Sétima Arte, arrebatou seis Oscars, incluindo Melhor Direção. Posteriormente, Chazelle apresentou “O Primeiro Homem” e o audacioso “Babilônia”, disponível na Netflix.
Com três indicações ao Oscar e um elenco de peso, “Babilônia” é uma superprodução de mais de três horas que revisita a era de ouro de Hollywood. Diferentemente do tom nostálgico e romântico de “La La Land”, o filme adota uma perspectiva sombria e visceral sobre os bastidores do cinema. A narrativa gira em torno de três personagens cujas trajetórias, inicialmente independentes, acabam entrelaçadas em um retrato tanto grandioso quanto decadente da indústria cinematográfica.
Jack Conrad (Brad Pitt), um astro consagrado do cinema mudo, enfrenta o declínio de sua carreira com a chegada do cinema falado. Sua incapacidade de se adaptar às novas exigências técnicas expõe a fragilidade de sua fama e o efêmero brilho de sua glória. Já Nellie LaRoy (Margot Robbie), uma jovem carismática e impetuosa, ascende rapidamente em Hollywood, mas sua jornada é marcada por escolhas autodestrutivas. Embora consiga navegar pela transição tecnológica com facilidade, o peso da fama, aliado a vícios e impulsos desenfreados, compromete sua imagem. Nellie, porém, conta com o apoio de Manny Torres (Diego Calva), um imigrante mexicano que inicia sua carreira realizando serviços modestos, mas, graças à determinação e competência, ascende ao cargo de executivo na MGM.
Manny não apenas trilha seu próprio caminho, mas também se torna peça-chave para os amigos enfrentarem os desafios de uma indústria implacável. Sua lealdade e esforço destacam a complexidade de um sistema que consome e descarta com a mesma rapidez.
“Babilônia” é um espetáculo visual e narrativo que encapsula tanto a euforia quanto a decadência da Hollywood dos anos 1920. As recriações meticulosas de cenários, figurinos e eventos refletem a exuberância de uma era marcada pela ostentação e pelo caos. Contudo, o filme também expõe a face sombria do entretenimento: uma máquina cíclica que glorifica e descarta seus protagonistas sem cerimônia.
Apesar de sua ambição estética e narrativa, “Babilônia” carece do impacto emocional que caracteriza as obras anteriores de Chazelle. A longa duração e a dispersão de sua narrativa prejudicam o ritmo, resultando em uma experiência impressionante, mas menos memorável. Ainda assim, o filme oferece uma reflexão profunda sobre os altos e baixos de uma das indústrias mais fascinantes e implacáveis do mundo.
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