Quarta com cara de domingo? Eis a comédia romântica perfeita,  na Netflix, para espantar o tédio! Divulgação / GEM Entertainment

Quarta com cara de domingo? Eis a comédia romântica perfeita, na Netflix, para espantar o tédio!

O amor, em sua essência, é um enigma que intriga desde os primórdios da humanidade. Por razões que transcendem a lógica, somos transformados em criaturas vulneráveis, guiadas por emoções desconcertantes. Esse fenômeno não apenas nos captura individualmente, mas também nos contagia coletivamente. Basta observar alguém em êxtase amoroso para que a atmosfera ao redor se transforme: os apaixonados tornam-se ainda mais apaixonados, enquanto os que buscam amor espreitam com uma curiosidade invejosa. É nesse terreno emocional que “Amor em Little Italy” se estabelece, uma comédia romântica irreverente que explora os descompassos do coração e suas consequências imprevisíveis.  

Sob a direção experiente de Donald Petrie, conhecido por sua habilidade em narrativas leves e envolventes, o filme não se limita a um único romance. Em vez disso, traça um mosaico de amores intergeracionais, todos marcados por um mal-entendido que perdura como um fantasma entre duas famílias rivais. Com roteiro assinado por Brent Cote, Steve Galluccio e Vinay Virmani, a trama encontra humor em situações quase absurdas, que apenas no universo fictício poderiam culminar em desfechos satisfatórios. A escolha do cenário também foge do óbvio: em vez do icônico bairro de Manhattan, Petrie situa a história na homônima Little Italy de Toronto, uma região menos glamorosa, mas igualmente encantadora, onde duas pizzarias concorrentes refletem as tensões de suas respectivas famílias, os Campo e os Angioli.  

A rivalidade, que vai muito além da disputa comercial, ganha novos contornos quando Nicoletta Angioli, ou simplesmente Nikki, retorna de Londres. Sua volta reacende os atritos entre as famílias, mas também promove encontros inevitáveis. Nikki, interpretada por Emma Roberts em uma performance convincente e charmosa, logo se vê cada vez mais próxima de Leo Campo, vivido por Hayden Christensen. A química entre os dois atores sustenta essa narrativa que se inspira em “Romeu e Julieta”, mas troca o trágico pela leveza cômica, temperada com o sabor irresistível de uma boa pizza.  

Entre discussões sobre receitas secretas e encontros regados a diálogos espirituosos, Petrie usa as cenas compartilhadas pelas duas famílias para acentuar o contraste entre a proximidade que deveriam ter e o abismo criado pela rivalidade. Em um momento particularmente hilário, um ingrediente especial no molho provoca uma reação inesperada nos clientes, oferecendo uma metáfora perfeita para o caos e o êxtase que o amor pode provocar.  

Além do humor e do romance, o filme também é uma homenagem à persistência do amor como ideal. Desde os tempos do Romantismo, que exaltou a natureza, os sentimentos profundos e as transformações sociais do século 18, o amor permaneceu uma força capaz de atravessar gerações e resistir às adversidades. Assim, “Amor em Little Italy” não apenas celebra o amor entre duas pessoas, mas também a sua capacidade de unir comunidades e restaurar laços que pareciam irremediavelmente rompidos.  

Se, na vida real, acreditar no amor nem sempre é fácil, Petrie nos convida a lembrar que, às vezes, basta uma pitada de humor e uma fatia de pizza para redescobrir o poder transformador desse sentimento. Entre risos, rivalidades e reconciliacões, o filme nos lembra que, no fim, amor e comida são mais parecidos do que estamos dispostos a admitir: ambos são essenciais para alimentar a alma.

Filme: Amor em Little Italy
Diretor: Donald Petrie
Ano: 2018
Gênero: Comédia/Romance
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★