Baseado no fotolivro “The Bikeriders”, de Danny Lyon, “Clube de Vândalos” foi adaptado para as telas com roteiro e sob a direção de Jeff Nichols. Com um modesto orçamento de 40 milhões de dólares, o filme enfrentou obstáculos significativos em sua distribuição durante o lançamento em 2023. Embora tenha sido um fracasso de bilheteria nos cinemas, encontrou uma recepção mais calorosa no streaming americano, onde conquistou um público considerável. Entre os críticos, as opiniões foram variadas: no IMDb, a nota do filme alcança 6,7, enquanto no Rotten Tomatoes a crítica especializada ofereceu 80% de aprovação. Já o público mostrou um pouco mais de resistência, resultando em um índice de 74% no tomatômetro.
O enredo de “Clube de Vândalos” centra-se no romance entre Benny (Austin Butler) e Kathy (Jodie Comer), que se conhecem em um bar e se casam apenas cinco semanas depois. Benny, um rebelde por natureza e apaixonado por motocicletas, desenvolve uma amizade intensa com Johnny (Tom Hardy), que o coloca no epicentro da fundação do primeiro clube de moto dos Estados Unidos: os Vândalos. Na essência, o filme reconta o surgimento dos Hell’s Angels, um dos motoclubes mais icônicos e controversos da história, com filiais espalhadas pelos cinco continentes e classificado entre os quatro grupos mais perigosos do mundo.
O longa nos transporta para a década de 1960, um período em que as raízes do motoclube estavam distantes do envolvimento com atividades criminosas. Inspirado pelo clássico “O Selvagem” (1953), protagonizado por Marlon Brando no papel de Johnny Strabler, o personagem de Tom Hardy decide transformar seu grupo de amigos, que até então realizavam competições amadoras de motocicletas, em um clube oficial chamado Vândalos. O filme de Brando, que marcou uma geração ao romantizar a imagem do motociclista como um símbolo de liberdade e rebeldia, é o ponto de partida para a transformação de Johnny e seus amigos.
Inicialmente, os membros dos Vândalos eram homens comuns, movidos pelo amor às motocicletas e pelo desejo de camaradagem. Eles se reuniam nos finais de semana para trocar experiências e compartilhar a paixão em torno de suas máquinas. Contudo, a crescente notoriedade do grupo como “rebeldes durões” logo atraiu atenção, tanto positiva quanto negativa. A fama atraiu novos membros, muitos dos quais buscavam a aura de perigo e exclusividade associada ao clube, mas nem todos compartilhavam o mesmo espírito original de amizade e paixão.
Johnny e Benny, como os principais líderes, destacavam-se por suas personalidades fortes e carismáticas. Ambos eram homens impulsivos e destemidos, mas também justos e dotados de boas intenções. Porém, à medida que o clube crescia, novos integrantes, mais jovens e com intenções diferentes, começaram a distorcer os ideais dos Vândalos. O motoclube acabou perdendo sua essência inicial e transformou-se em uma gangue envolvida em atividades ilícitas, algo que fugia completamente do controle de Johnny.
Paralelamente, o filme explora as dinâmicas do relacionamento entre Benny e Kathy, marcado por desafios impostos pelo envolvimento de Benny com o clube. Embora ele fosse um rebelde nato, sua índole nunca foi genuinamente má. No entanto, o comprometimento com os Vândalos frequentemente o colocava em situações perigosas que testavam os limites de sua moralidade e afetavam diretamente sua relação com Kathy.
“Clube de Vândalos” é, acima de tudo, uma ode aos tempos áureos dos motoclubes, quando a camaradagem e a paixão pelas motocicletas eram os elementos centrais. O filme oferece uma visão nostálgica dessas origens, destacando o contraste com a violência e o crime que viriam a dominar tais grupos com o passar dos anos. A narrativa é construída de forma intimista, intercalando cenas dramáticas com entrevistas baseadas no fotolivro de Danny Lyon, cuja obra captura a essência crua e autêntica desse universo.
★★★★★★★★★★