Aos 23 anos, Jennifer Lawrence conquistou o Oscar de Melhor Atriz, consolidando-se como um símbolo de talento e presença marcante em Hollywood. Em “Que Horas Eu Te Pego?”, comédia dirigida por Gene Stupnitsky, ela brilha em um papel ousado que inclui cenas de nudez integral, algo raramente visto em produções recentes do gênero com classificação restritiva. Com um roteiro coescrito por Stupnitsky e John Phillips, o filme surge como uma raridade nas telas, recuperando o espaço das comédias para maiores nos cinemas.
Maddie, personagem de Lawrence, é uma motorista de aplicativo extrovertida e à beira do colapso financeiro. Sobrecarregada por dívidas, ela perde o carro que sustentava sua renda e corre o risco de ver seu lar, um resort em Montauk herdado da mãe, confiscado. Desesperada, encontra uma saída incomum: um anúncio de um casal rico oferecendo um carro em troca de alguém disposto a sair com o filho introvertido, Percy, de 19 anos.
Determinada, Maddie aceita a proposta, mesmo com a diferença de idade entre ela, já na casa dos 30, e o jovem universitário. Ao conhecer os pais superprotetores de Percy, Laird e Alison, ela os convence de que é a pessoa ideal para dar ao garoto a confiança necessária para enfrentar Princeton. Assim começa uma aventura recheada de encontros desastrados, incluindo tentativas de sedução que vão desde uma abordagem em um abrigo de animais até uma luta hilária — e nua — na praia.
A comédia explora as dinâmicas de poder e insegurança por meio de um humor provocativo, entrelaçando críticas sociais sutis. Stupnitsky aponta, por exemplo, o impacto das elites urbanas que dominam cidades costeiras no verão, deixando os moradores locais em dificuldades no restante do ano. Além disso, o filme levanta questões sobre a diferença de tratamento em romances envolvendo idades contrastantes, lembrando que a mesma diferença etária foi celebrada quando Lawrence atuou em “O Lado Bom da Vida”.
Jennifer Lawrence prova mais uma vez sua versatilidade ao entregar uma performance repleta de carisma e precisão cômica, garantindo risadas constantes mesmo em situações absurdas. Ainda que o filme em si não alcance a excelência, sua presença eleva a experiência, transformando uma narrativa comum em algo memorável. É impossível desviar os olhos enquanto Lawrence domina cada cena, seja com sua habilidade humorística ou com sua entrega destemida às exigências do papel.
★★★★★★★★★★