Romance baseado em sucesso de Nicholas Sparks com mais de 110 milhões de cópias vendidas, na Netflix Dana Hawley / Lionsgate

Romance baseado em sucesso de Nicholas Sparks com mais de 110 milhões de cópias vendidas, na Netflix

Lançado em 2016 sob a direção de Ross Katz, “A Escolha” adentra o terreno familiar das adaptações cinematográficas de Nicholas Sparks, onde o amor enfrenta desafios em meio a cenários paradisíacos. Este filme, em particular, se ancora nas paisagens costeiras do Sul dos Estados Unidos, que funcionam não apenas como pano de fundo, mas quase como um personagem à parte, emoldurando uma narrativa que, embora previsível, tenta capturar o público com dilemas emocionais e a conexão entre seus protagonistas.

A trama segue Travis Shaw (Benjamin Walker), um veterinário descontraído e charmoso, e Gabby Holland (Teresa Palmer), uma estudante de medicina com personalidade forte. Inicialmente, vizinhos com uma relação marcada por pequenos conflitos, os dois eventualmente têm suas vidas entrelaçadas por uma atração inevitável. A evolução de sua relação não foge às convenções do gênero, mas a química genuína entre Walker e Palmer adiciona frescor à dinâmica, sustentando o interesse do espectador.

A direção de Katz brilha em momentos que capturam a beleza natural do ambiente, utilizando a cinematografia para criar um paralelismo entre a paisagem e os estados emocionais dos personagens. Contudo, essa abordagem visual por vezes sobrepõe-se à profundidade narrativa, desviando a atenção dos aspectos mais complexos da história. Embora a composição estética seja inegável, ela não compensa plenamente a ausência de maior desenvolvimento dos personagens e seus conflitos.

Benjamin Walker entrega uma atuação competente como Travis, embora falte à sua interpretação a densidade necessária para explorar as camadas emocionais de seu personagem. Em contraste, Teresa Palmer traz nuances mais convincentes à Gabby, equilibrando vulnerabilidade e determinação. Entretanto, personagens secundários, como o irmão de Travis, acabam subaproveitados, deixando lacunas narrativas que poderiam enriquecer a história.

A trilha sonora, por sua vez, busca complementar a atmosfera romântica, mas em certos momentos resvala para o melodrama, correndo o risco de enfraquecer as emoções autênticas que o filme tenta transmitir. Esse excesso emocional reflete um problema mais amplo: a dificuldade do roteiro em equilibrar sentimentalismo e autenticidade. O conflito central, por exemplo, que deveria servir como ponto alto da narrativa, parece forçado em sua execução, levantando dúvidas sobre a veracidade das decisões e sentimentos dos protagonistas.

Apesar desses desafios, “A Escolha” apresenta momentos de delicadeza, sobretudo nas cenas em que Travis e Gabby compartilham a simplicidade da vida cotidiana. Esses instantes tão humanos e despretensiosos revelam o potencial do filme para explorar o amor de maneira mais autêntica e menos dramatizada. No entanto, a produção como um todo permanece presa às convenções do gênero, entregando uma experiência que, embora agradável, carece de impacto duradouro.

Para aqueles que procuram um romance reconfortante, “A Escolha” oferece um refúgio seguro, cumprindo o esperado de uma história assinada por Nicholas Sparks. Entretanto, espectadores em busca de maior profundidade ou inovação podem sair decepcionados. O desfecho, que privilegia a doçura e a simplicidade do amor cotidiano, revela a verdadeira força do filme: a celebração de momentos comuns como expressões do amor genuíno. Ainda assim, o percurso até essa mensagem poderia ter sido conduzido com mais vigor e originalidade, evitando tropeços que enfraquecem sua promessa inicial.

Filme: A Escolha
Diretor: Ross Katz
Ano: 2016
Gênero: Drama/Romance
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★