O filme no Prime Video que transforma as teorias de Spinoza e Rousseau em uma experiência única para a mente Divulgação / Fox Searchlight Pictures

O filme no Prime Video que transforma as teorias de Spinoza e Rousseau em uma experiência única para a mente

Indicado a três Oscars, “A Árvore da Vida” é uma jornada cinematográfica que entrelaça a grandiosidade do cosmos com a fragilidade humana. Sob a lente do visionário Terrence Malick, o filme explora a existência em sua totalidade: do nascimento das estrelas às sutilezas da rotina familiar em Waco, no Texas dos anos 1950. Malick apresenta uma narrativa fragmentada e visualmente impactante que transcende o convencional, desafiando o espectador a buscar respostas em um mosaico de imagens e silências.

A fotografia magistral de Emmanuel Lubezki, um dos maiores diretores de fotografia do cinema contemporâneo, é um show à parte. Sua habilidade em capturar a luz e a textura das cenas confere profundidade emocional à narrativa. Cada enquadramento carrega um simbolismo próprio, transmitindo mais do que palavras poderiam expressar. O olhar meticuloso de Lubezki transforma momentos simples em experiências viscerais, intensificando a busca interior dos personagens.

Brad Pitt e Jessica Chastain oferecem atuações impressionantes como os pais da família O’Brien. Pitt interpreta um pai rigoroso e autoritário, cuja presença constante molda os filhos com disciplina implacável. Em contraste, Chastain personifica graça e serenidade; sua figura é um refúgio de compaixão e suavidade, uma representação quase celestial do amor materno. Sean Penn, na pele de Jack adulto, personifica o conflito entre memórias da infância e a busca por significado em um mundo em constante mutação.

O enredo se desenrola com um foco particular em Jack, que, na infância, é vivido por Hunter McCracken. Sua jornada é marcada pela perda de um irmão em combate, um evento que mergulha a família em uma espiral de culpa e luto. O dilema existencial de Jack reflete o desejo de compreender o inexplicável: por que um é poupado enquanto outro é levado? Essa dúvida permeia toda a narrativa, ecoando nas paisagens claustrofóbicas e nas vastidões naturais capturadas por Lubezki.

A água, a natureza e a luz são elementos simbólicos recorrentes. A mãe, em um ato quase ritualístico, se purifica na água do mar, sugerindo uma redenção espiritual. A relação entre o feminino e a natureza é explorada com delicadeza, remetendo à criação, à fertilidade e à perda. Como uma pintura impressionista, “A Árvore da Vida” revela significados ocultos em suas camadas visuais e emocionais.

Essa é a primeira de três colaborações entre Malick e Lubezki, seguidas por “Amor Pleno” (2012) e “Cavaleiro de Copas” (2015). Curiosamente, Malick, conhecido por intervalos longos entre filmes, intensificou sua produção nesses anos. “O Novo Mundo” (2005), por exemplo, surgiu sete anos após “Alem da Linha Vermelha”, sua obra-prima anti-guerra.

Malick, que passou anos ensinando filosofia e escrevendo como jornalista, traz ao cinema suas inquietações existenciais e espirituais. “A Árvore da Vida” é um convite para refletir sobre nossas origens, crenças e o lugar que ocupamos no universo. Uma experiência cinematográfica densa e contemplativa, mas não destinada a todos. Aqueles que aceitarem o desafio encontrarão uma poesia visual que questiona a própria essência da vida.

Filme: A Árvore da Vida
Diretor: Terrence Malick
Ano: 2011
Gênero: Drama
Avaliaçao: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★