O filme de 6,5 bilhões de reais, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2023, está no Prime Video Divulgação / Universal Pictures

O filme de 6,5 bilhões de reais, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2023, está no Prime Video

Christopher Nolan não simplifica as ambiguidades em “Oppenheimer”. O diretor oferece uma visão do homem por trás da bomba atômica, suas crises e os ecos de suas decisões. O longa mergulha nos dilemas morais do físico J. Robert Oppenheimer (interpretado com brilhantismo por Cillian Murphy), um cientista cuja genialidade foi tanto uma bênção quanto uma maldição.

A trama se desenrola em meio ao ritmo crescente de tensão e paranoia, entrelaçando ética e guerra. Não é apenas sobre ciência e destruição, mas sobre a humanidade confrontando suas próprias sombras. O “pai da bomba atômica” se vê dilacerado entre a responsabilidade científica e a culpa moral após as devastações em Hiroshima e Nagasaki, que selaram a Segunda Guerra Mundial e abriram o palco para a Guerra Fria.

Apesar de suas inclinações políticas à esquerda, Oppenheimer é escolhido pelo militar Leslie Groves (Matt Damon) para liderar o Projeto Manhattan. A missão: desenvolver uma arma que pudesse definir o desfecho da guerra e garantir a supremacia dos Estados Unidos. Esse projeto monumental, instalado em Los Alamos — região erma proposta pelo próprio Oppenheimer — consumiu três anos e dois bilhões de dólares.

Nolan se aproveita de rumores para brincar com a realidade e a ficção. Embora tenha divertido a ideia de detonar uma bomba real, a famosa explosão do Teste Trinity é uma obra-prima de efeitos práticos. A cena irrompe com um clarão silencioso, seguido por um estrondo ensurdecedor que ecoa pela sala de cinema. A trilha sonora de Ludwig Göransson e o design de som impecável intensificam a atmosfera de suspense, deixando o público em alerta constante.

Sem recorrer ao CGI, a explosão foi criada em miniatura, capturando a brutalidade e a beleza de uma explosão nuclear. A fotografia de Hoyte van Hoytema também desafia convenções: cenas em preto e branco representam uma perspectiva histórica e objetiva, enquanto as coloridas expressam a subjetividade e as memórias de Oppenheimer. A fusão entre realidade e percepção adiciona camadas à narrativa, ampliando sua profundidade psicológica.

Cillian Murphy, magro e introspectivo, entrega uma atuação magistral, capturando as nuances de um homem dividido entre a glória e o tormento. Seu Oppenheimer é altivo, vaidoso e vulnerável, especialmente quando é submetido a inquisições humilhantes após a guerra. Em um momento de autopenitência, ele é arrastado por suspeitas de ligações com a União Soviética, uma traição pública que reflete a paranóia da Guerra Fria.

“Oppenheimer” é um estudo de caráter e um retrato de um período histórico crucial. É um filme que desafia, provoca e obriga o público a encarar as consequências do conhecimento desmedido. Ao ecoar as palavras do “Bhagavad-Gita” — “Agora me tornei a morte, o destruidor de mundos” — Nolan não apenas homenageia o cientista, mas também alerta sobre o peso de escolhas irreversíveis.

Filme: Oppenheimer
Diretor: Christopher Nolan
Ano: 2023
Gênero: Biografia/Drama
Avaliação: 10/10 1 1
★★★★★★★★★★