Em meio à contínua proliferação de filmes de ação genéricos, que muitas vezes se perdem na memória coletiva em questão de semanas, os serviços de streaming seguem apostando em produções que, embora previsíveis, encontram um público fiel. Esses filmes funcionam como um alívio instantâneo para o tédio, um escapismo rápido diante do peso da rotina. “Lift: Roubo nas Alturas” não busca ser memorável, mas oferece uma pausa de 1h40, transportando o espectador para um universo fictício repleto de riscos calculados e diversão passageira.
Sob a direção de F. Gary Gray, conhecido por obras marcantes como “A Negociação” e “Uma Saída de Mestre”, o longa protagonizado por Kevin Hart marca uma mudança de tom para o cineasta. Gray, que já demonstrou habilidade em construir narrativas substanciais, parece aqui ceder à lógica da produção em massa, entregando uma obra que pouco inova. O roteiro, assinado por Daniel Kunka, recorre a fórmulas já desgastadas, sem oferecer reviravoltas ou perspectivas que surpreendam.
Mesmo assim, o filme conta com um elenco robusto que injeta algum dinamismo à trama. Kevin Hart interpreta Cyrus, um ladrão habilidoso que lidera uma equipe de criminosos excêntricos. O elenco secundário inclui nomes de peso como Gugu Mbatha-Raw, Sam Worthington, Vincent D’Onofrio, Jean Reno e Úrsula Corberó, que se destacam mais por seu carisma individual do que pela profundidade dos personagens. É esse conjunto de talentos que eleva minimamente o nível da produção, compensando o enredo previsível.
A história gira em torno de Cyrus, um ladrão perseguido de perto pela Interpol, especialmente pela obstinada agente Abby Gladwell (Mbatha-Raw). Quando Abby se vê frustrada por ordens superiores que a obrigam a negociar com o criminoso ao invés de capturá-lo, ela aceita recrutar Cyrus e sua equipe para uma missão arriscada: roubar barras de ouro pertencentes a Jorgensen (Jean Reno), um magnata envolvido no financiamento de grupos terroristas. O objetivo é impedir que os recursos sejam usados para alimentar tragédias globais.
Cada integrante da equipe de Cyrus desempenha um papel estratégico, característica típica dos filmes do gênero. Denton (D’Onofrio), Magnus (Billy Magnussen) e Mi-Sun (Yun Kim) trazem habilidades específicas, enquanto Camila (Corberó) adiciona um toque de ousadia. A ação se desenrola em cenários altamente tecnológicos, com sequências de tirar o fôlego e efeitos visuais meticulosamente trabalhados, garantindo momentos de impacto, mesmo que previsíveis.
Ainda que tecnicamente impecável, o filme carece de personagens realmente cativantes ou de uma narrativa que se destaque. A estética polida e os elementos de alta tecnologia servem para mascarar as lacunas criativas, mas não conseguem transformar “Lift: Roubo nas Alturas” em algo além de um entretenimento momentâneo. Para quem busca apenas uma distração descomplicada, a produção cumpre seu papel. No entanto, aqueles em busca de algo mais substancial podem sair desapontados.
★★★★★★★★★★