Filme europeu mais assistido de 2024 na Netflix, ficou 87 dias no Top 10 mundial Sofie Gheysens / Netflix

Filme europeu mais assistido de 2024 na Netflix, ficou 87 dias no Top 10 mundial

O rio Sena, conhecido por sua beleza serena e seu papel icônico na cultura francesa, esconde um segredo inquietante em suas águas calmas: a presença de um predador mortal. Esse é o ponto de partida de “Sob as Águas do Sena”, o novo thriller da Netflix dirigido por Xavier Gens. Com roteiro assinado pelo próprio Gens em parceria com Maud Heywang e Yannick Dahan, o filme transporta o público para uma Paris transformada em palco de um terror improvável.

Gens utiliza um artifício familiar ao cinema de ação e suspense: inserir o inesperado em cenários cotidianos. Aqui, a ameaça não é apenas o tubarão que desafia a lógica ao habitar o Sena, mas também o reflexo das consequências da ação humana sobre o meio ambiente. Embora o filme flerte com o absurdo, seu tom ambientalista confere uma camada adicional à narrativa, indo além do puro entretenimento.

A trama gira em torno de Sofia (Bérénice Bejo), uma experiente mergulhadora e ativista ambiental marcada por um trágico incidente no passado. Anos antes, enquanto liderava uma expedição para documentar a poluição nos oceanos, Sofia presenciou o ataque mortal de um tubarão a membros de sua equipe. Sua tentativa de salvar os colegas quase custou sua própria vida, deixando cicatrizes físicas e emocionais profundas. Desde então, ela abandonou o ativismo e encontrou refúgio na rotina como guia turística em Paris.

O enredo dá uma guinada quando Sofia é abordada por uma jovem ativista com uma notícia alarmante: um tubarão monitorado, apelidado de Lilith, foi avistado nas águas do Sena. Inicialmente cética, Sofia reluta em se envolver, mas eventos inesperados a forçam a enfrentar seus temores e retornar à ação. Com a aproximação dos Jogos Olímpicos de 2024, que incluem competições de natação no rio, a presença de Lilith se torna uma ameaça pública, desencadeando uma corrida contra o tempo para evitar tragédias.

Inspirando-se em clássicos como “Tubarão” e “Godzilla”, Gens mistura elementos do cinema trash com o suspense característico de thrillers ambientais. A estética gore e o tom levemente caricatural equilibram a tensão com momentos de humor, criando uma experiência que diverte sem se levar tão a sério. Apesar disso, o filme não deixa de fazer críticas à negligência ambiental e ao impacto das ações humanas nos ecossistemas.

O cenário parisiense adiciona uma dimensão única ao filme, transformando um dos rios mais conhecidos do mundo em um território de perigo. As cenas subaquáticas, carregadas de tensão e claustrofobia, são particularmente bem executadas, evidenciando o talento de Gens em criar atmosferas imersivas. O contraste entre a tranquilidade do Sena e a ameaça submersa reforça o tom surreal da narrativa, enquanto o elenco diversificado enriquece a dinâmica da história.

Ainda que “Sob as Águas do Sena” não aspire ao status de obra-prima, ele entrega uma aventura instigante para fãs de gêneros híbridos que combinam horror, ação e um toque de crítica social. As falhas pontuais na execução são compensadas pela ousadia de sua proposta e pela habilidade de transformar o improvável em algo assustadoramente plausível. Ao fim, o filme deixa o público questionando não apenas a veracidade da ficção apresentada, mas também as reais consequências de nossa relação com o planeta.

Filme: Sob as Águas do Sena
Diretor: Xavier Gens
Ano: 2024
Gênero: Ação/Drama/Terror
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★