Comédia romântica, na Netflix, é banquete para amantes de literatura e românticos incuráveis Giles Keyte / Sony Pictures Classics

Comédia romântica, na Netflix, é banquete para amantes de literatura e românticos incuráveis

Embora muitos livros alcancem a glória dos best-sellers e permaneçam no imaginário coletivo, poucos autores têm a capacidade de atravessar séculos como Jane Austen. Suas obras não apenas resistiram ao teste do tempo, mas também romperam barreiras culturais e geográficas, mantendo relevância universal para as mulheres, mesmo quase dois séculos após sua morte. Austen não foi apenas uma escritora; ela foi uma visionária que desafiou normas e criou personagens femininas que continuam a ecoar como símbolos de força e independência.

Com uma sagacidade crítica e uma habilidade singular para explorar as dinâmicas sociais de sua época, Austen construiu protagonistas que rejeitavam as limitações impostas pela sociedade patriarcal. Essas mulheres eram determinadas a traçar seus próprios destinos, recusando-se a se conformar com papéis subservientes. Assim, suas personagens foram rotuladas como rebeldes, inquietas e, muitas vezes, escandalosas para os padrões vigentes. Ainda hoje, milhares de leitoras encontram nessas figuras uma fonte de identificação e inspiração.

Esse fascínio atemporal pela obra de Austen é central na comédia romântica “Austenland”, dirigida por Jerusha Hess. No filme, Keri Russell interpreta Jane Hayes, uma mulher cuja paixão pelos romances de Austen transcende o comum, beirando a obsessão. Em busca de uma conexão mais profunda com esse universo, Jane decide embarcar para a Inglaterra e vivenciar uma experiência incomum: um resort temático conhecido como Austenland, onde os hóspedes mergulham no mundo fictício dos livros da autora.

Neste destino peculiar, os visitantes são transportados para uma mansão do século 19, vestidos com trajes da época e envolvidos em costumes históricos cuidadosamente recriados. É uma fantasia literária meticulosamente encenada. No entanto, para Jane, que optou por um pacote econômico, o papel designado é o de uma jovem pobre, uma escolha que a coloca em contraste direto com Elizabeth (Jennifer Coolidge), outra hóspede extravagante que escolheu o pacote mais caro e vive como uma aristocrata dentro do resort.

Enquanto desfruta de jantares luxuosos, bailes elegantes e paisagens campestres idílicas, Jane se aproxima de dois atores intrigantes: Martin (Bret McKenzie), um carroceiro encantador, e Henry Nobley (JJ Feild), o reservado sobrinho da anfitriã. Martin se destaca por sua doçura e romantismo, frequentemente ultrapassando os limites de seu papel. Por outro lado, Nobley, com sua aura enigmática e orgulhosa, evoca inevitavelmente a figura icônica do Sr. Darcy de “Orgulho e Preconceito”. Diante de ambos, Jane se vê imersa em um dilema: seriam os sentimentos despertados por eles autênticos ou meramente parte do roteiro encenado?

“Austenland” é uma celebração ao legado de Jane Austen, oferecendo uma narrativa leve e encantadora que transporta os fãs da autora para um universo de nostalgia romântica e fantasia. Combinando humor, charme e um toque de surrealismo, o filme propõe uma reflexão sobre os limites entre realidade e ficção, enquanto convida o público a revisitar o espírito das histórias de Austen com uma nova perspectiva. É uma homenagem doce e inventiva, que abraça tanto o escapismo quanto a essência transformadora dos clássicos da autora.

Filme: Austenland
Diretor: Jerusha Hess
Ano: 2013
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★