Dois dias após a estreia de “Wandinha”, série de Tim Burton na Netflix, Jenna Ortega recebeu um convite do cineasta para um novo projeto: a aguardada sequência de “Os Fantasmas se Divertem”. Lançado 36 anos após o filme original, o novo longa chega cercado de nostalgia e expectativas, revisitando o universo icônico que consolidou Tim Burton como um dos grandes nomes do cinema gótico em Hollywood.
O primeiro filme, produzido com um orçamento modesto de apenas 15 milhões de dólares, destacou-se pelo improviso criativo e pela estética única, tornando-se um marco cultural. Cada elemento, dos figurinos à cenografia, foi elaborado de forma lúdica e artesanal, resultando em uma obra-prima que atravessou décadas com elegância e irreverência. A atmosfera surreal, com efeitos práticos e soluções criativas, ainda hoje encanta os espectadores, resistindo às transformações tecnológicas do cinema contemporâneo.
O personagem Beetlejuice, interpretado magistralmente por Michael Keaton, trouxe um humor ácido e politicamente incorreto que, surpreendentemente, permaneceu relevante. Seu comportamento inapropriado — uma combinação de indelicadeza, misoginia e falta de escrúpulos — não o torna apenas detestável, mas também hilariamente fracassado. Esse contraste, no qual suas trapaças sempre culminam em sua derrota, é o que solidifica seu status como um dos anti-heróis mais memoráveis do cinema.
Na nova trama, Tim Burton atualiza a narrativa sem abandonar suas características principais. Lydia (Winona Ryder), a adolescente gótica e intelectual do primeiro filme, agora é uma mulher madura, viúva e mãe de uma adolescente. Escritora de livros paranormais, Lydia tem a habilidade de se comunicar com os mortos, mas não consegue conversar com sua própria filha, Astrid (Jenna Ortega). A relação entre mãe e filha é marcada por conflitos constantes, que se intensificam durante o velório do avô recém-falecido.
Em meio à cerimônia, Lydia encara um pedido de casamento inesperado e desconfortável de Rory (Justin Theroux), um noivo oportunista. Esse episódio aumenta ainda mais o desejo de Astrid de se afastar de sua peculiar família. Durante um passeio de bicicleta, a jovem conhece Jeremy (Arthur Conti), um rapaz tímido e introspectivo que vive em uma casa velha com a família. Ele revela que enfrentam dificuldades financeiras devido a um recente acidente de seu pai.
À medida que a amizade entre Astrid e Jeremy se aprofunda, Lydia descobre que o jovem pode representar um perigo real para sua filha. Sem alternativas, ela recorre a Beetlejuice, que retorna para ajudar — ou, como de costume, atrapalhar ainda mais. Paralelamente, uma ameaça sombria surge no mundo dos mortos: Delores (Monica Bellucci), uma alma poderosa que está sugando outras almas para aumentar sua força e espalhar o caos.
Embora a sequência não consiga recriar o charme e a autenticidade do original, principalmente por seguir uma fórmula já conhecida, ela oferece momentos de diversão, sustos e criatividade suficientes para satisfazer os fãs. Tim Burton mantém sua assinatura visual e narrativa, entregando um filme que, apesar de não alcançar o mesmo impacto do clássico, celebra o universo que conquistou gerações. Para os admiradores do original, “Os Fantasmas Ainda se Divertem” é uma oportunidade de revisitar personagens queridos e matar as saudades de um dos mundos mais excêntricos do cinema.
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