Bilheteria recorde: o filme que desbancou Vingadores: Ultimato na semana de estreia está na Netflix Divulgação / Netflix

Bilheteria recorde: o filme que desbancou Vingadores: Ultimato na semana de estreia está na Netflix

À medida que ciclos de pesar e esperança se sucedem, a humanidade permanece presa à roda de desventuras que não cessa de girar. A vida é uma arena onde a sobrevivência demanda coragem e, muitas vezes, luta involuntária. O trabalho árduo e a necessidade de persistir, como em espetáculos brutais da Roma Antiga, exigem um heroísmo incessante, embora destituído de glória genuína. Neste picadeiro de feras, o combate é contínuo, sem justificativas plausíveis, conduzindo a um futuro instável, moldado por decisões de hoje que ecoam além deste presente sombrio.

As narrativas sobre o futuro exploram premissas que frequentemente desafiam a lógica. Cenários extremos, onde até recursos vitais como água e oxigênio se tornam escassos, desenham um amanhã ameaçador. A contaminação desenfreada converte o ar em um paradoxo letal — essencial à vida, mas repleto de veneno. Nesse contexto, “Exército do Amanhã”, de Ng Yuen-fai, oferece visuais impressionantes, mas escorrega na originalidade, repetindo fórmulas já esgotadas por outros cineastas. Por mais avançada que seja a computação gráfica, ela não mascara a carência de inovação.

O roteiro, assinado por Lau Ho-leung e Mak Tin-shu, revisita sucessos anteriores, evocando memórias de “Impacto Profundo” (1998), “Independence Day” (1996) e até “Robocop — O Policial do Futuro” (1987). A preocupação com a destruição da Terra é central, mas inevitavelmente rasa. O planeta, embora vulnerável às agressões humanas, é resiliente. Em escalas temporais geológicas, a natureza se regenera, deixando a humanidade como principal arquiteta de sua própria ruína.

Porém, uma reflexão raramente abordada é o impacto ambiental da própria produção desses filmes. O custo ecológico de criar obras como “Exército do Amanhã” ou “Avatar” (2009) — com suas sequências ainda mais ambiciosas, como “Avatar: O Caminho da Água” (2022) — revela um paradoxo desconfortável. Enquanto denunciam a destruição do planeta, contribuem, ironicamente, para o mesmo problema que criticam.

Ng Yuen-fai não se distancia dessas contradições, emprestando referências explícitas de “Avatar”, até mencionando uma “Pandora” em perigo. Esse recurso é sintomático de uma indústria onde, sem grandes orçamentos, a inovação fica em segundo plano. No embate entre a criatividade e os limites financeiros, todos saem perdendo.

Filme: Exército do Amanhã
Diretor: Ng Yuen-fai
Ano: 2022
Gênero: Ação/Drama/Ficção Científica
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★