Advertir sobre os riscos de interagir com desconhecidos não é apenas uma cautela trivial; é um princípio que transcende idades e contextos. Essa premissa serve como espinha dorsal de “Bata Antes de Entrar”, thriller dirigido por Eli Roth. O filme disseca a vulnerabilidade de um homem exemplar e afetuoso, que se vê em uma armadilha mortal ao passar um fim de semana sozinho. Roth utiliza com maestria a construção gradual da tensão e os clichês dos thrillers psicológicos, revelando como a aparência de inocência pode ser um véu para intenções malévolas.
A narrativa centra-se em Evan, um arquiteto que, ao aproveitar a casa vazia para momentos de introspecção, é surpreendido pela chegada de duas jovens molhadas pela chuva. A cena, embora rotineira, desencadeia uma série de desdobramentos imprevisíveis e sinistros. Inicialmente, Bel e Genesis surgem como figuras frágeis e inofensivas, mas esse verniz de inocência logo se desgasta, dando lugar a uma manipulação implacável.
O filme desafia as percepções do público, tecendo uma teia complexa entre Evan e as jovens antagonistas. A dinâmica entre eles é carregada de uma tensão sexual e psicológica corrosiva, expondo não apenas a fragilidade do protagonista, mas também a vulnerabilidade humana diante do desejo e da confiança equivocada. As escolhas morais de Evan são testadas até o limite, e o espectador é arrastado para um turbilhão de julgamentos ambíguos.
“Bata Antes de Entrar” não se limita ao terror superficial; ele examina a linha tênue entre a generosidade e a autodestruição. Eli Roth, reconhecido por seu estilo brutal em “O Albergue”, aqui adota uma abordagem mais íntima e psicológica. O filme nos alerta que o perigo pode estar disfarçado de necessidade e que o impulso de ajudar pode, paradoxalmente, ser um convite ao caos.
★★★★★★★★★★