O mais assistido do Prime Video: 60 dias seguidos como favorito do público Divulgação / Amazon Prime Video

O mais assistido do Prime Video: 60 dias seguidos como favorito do público

O fascínio pelo fim do mundo transcende línguas e culturas, como revela o arrebatador “Apocalipse Z: O Princípio do Fim”, dirigido por Carles Torrens. Aclamado no Festival de Sitges, na Catalunha, este thriller adapta com competência o best-seller homônimo de Manel Loureiro, de 2007. Embora compartilhe afinidades com “The Walking Dead” (2010-2022), a produção se destaca por diálogos que evitam a previsibilidade e mergulham em dilemas existenciais, adicionando profundidade à caça aos mortos-vivos.

Torrens, uma das grandes promessas do cinema espanhol contemporâneo, não se limita a repetir fórmulas. Ele usa a narrativa apocalíptica para examinar a fragilidade humana, evocando o trauma coletivo da pandemia de covid-19. O roteiro, assinado por Loureiro e Ángel Agudo, vai além do horror tradicional ao retratar a morte como um ponto de virada íntimo e irreversível, capaz de redefinir quem sobrevive. Aqui, a dor pode ser uma prisão ou uma oportunidade de resiliência.

Manel, o protagonista, vivia uma rotina estável até que sua relação com Julia começa a ruir. Enquanto ela anseia por filhos, ele se mostra hesitante. Uma viagem de carro transforma essa tensão em tragédia: uma colisão brutal ceifa a vida de Julia e mergulha Manel em um luto que nem o carinho do sobrinho ou a presença do gato Lúcularam aliviar.

Nesse cenário de desespero, um vírus devastador surge, convertendo pessoas em criaturas irracionais e violentas. A histeria coletiva logo se instala, levando à escassez de recursos e ao colapso da comunicação. Torrens constrói um elo intergeracional inesperado quando Manel encontra Gabriela, uma idosa abandonada pela família em meio ao caos. Francisco Ortiz brilha na pele de Manel, expressando a complexidade de um homem em busca de redenção ao ajudar os esquecidos.

Ao se reencontrar com a irmã Belén, interpretada por Marta Poveda, Manel embarca para as Ilhas Canárias em busca de paz. A jornada, porém, está longe de oferecer descanso.

Quando Loureiro começou o blog que originou o livro, dificilmente imaginava o impacto de sua obra. Mesmo com momentos de sentimentalismo previsível — especialmente no desfecho —, “Apocalipse Z” consegue emocionar até os mais céticos. As acusações de plágio podem persistir, mas o entretenimento é indiscutível. Uma história que, apesar de formulaica, faz o público refletir sobre sua própria fragilidade e escolhas em tempos de ruína.

Filme: Apocalipse Z: O Princípio do Fim
Diretor: Carles Torrens
Ano: 2024
Gênero: Ação/Fantasia/Terror
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★