Os dramas românticos não sustentam mais a ideia de que o amor é capaz de superar todas as adversidades e preencher lacunas emocionais. Essa narrativa, frequentemente situada em épocas distantes, não resiste à complexidade do amor moderno. Como qualquer sentimento humano, o amor carrega virtudes e falhas, envolvendo-nos em suas tramas como uma mosca presa à teia da aranha. Esse sentimento provoca reações imprevisíveis, moldadas pelas experiências de cada indivíduo.
“Amores Solitários” reflete essas nuances ao explorar relações fora do convencional, especialmente entre uma mulher mais velha e um homem mais jovem. Susannah Grant conduz a narrativa com uma precisão que evita os lugares-comuns, revelando os conflitos que surgem entre Katherine, uma escritora de 57 anos, e Owen, um administrador de 33. Ambos enfrentam crises existenciais e revisitam seus sucessos e fracassos, lidando com a diferença de idade como apenas um dos muitos obstáculos presentes em suas jornadas emocionais.
Os caminhos da vida frequentemente nos surpreendem com fracassos que, por trás de suas derrotas aparentes, escondem novas oportunidades. Enfrentar essas barreiras exige coragem e disposição para o sacrifício. Nos momentos de dúvida e solidão, cada pessoa é forçada a olhar para dentro e descobrir sua verdadeira força. Permanecer fiel à própria essência enquanto se busca transformação é um dos maiores desafios da existência — e, por isso mesmo, uma das maiores conquistas possíveis.
Neste contexto, Katherine vai a um retiro de escritores em Marraquexe para terminar seu novo livro. Seu bloqueio criativo é um sintoma das feridas deixadas pelo fim de um casamento de doze anos, marcado pela acusação de que ela não sabia amar. Owen, por sua vez, está preso em um relacionamento que não consegue encerrar. Levado ao retiro por Lily, colega de Katherine, ele se vê confrontado por uma sucessão de dúvidas que passam a dominar sua rotina.
A diretora e roteirista Susannah Grant desenvolve os personagens com habilidade, permitindo que cada um deles revele suas ambições e frustrações. Laura Dern e Liam Hemsworth surpreendem com uma química que desafia expectativas, entregando performances que elevam a narrativa. Uma cena específica evidencia que este não é um filme romântico qualquer, mas uma reflexão sobre os labirintos emocionais da vida moderna.
“Amores Solitários” convida o espectador a reconsiderar o significado do amor em um mundo de relações frágeis e sentimentos voláteis. A história revela que os verdadeiros desafios do afeto não vêm dos outros, mas das batalhas internas que todos nós enfrentamos.
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