O filme de Almodóvar que nem parece ficção, parece realidade, na Netflix

O filme de Almodóvar que nem parece ficção, parece realidade, na Netflix

Ao longo da vida, todos gravitamos em direção a determinados interesses, alguns de forma tão intensa que podem ser vistos como obsessões. Em “Mães Paralelas”, Pedro Almodóvar revisita, mais uma vez, o complexo universo dos laços femininos e da maternidade, temas centrais em sua filmografia, mas com nuances e camadas inexploradas. Embora o título possa sugerir simplicidade, o diretor desafia as expectativas ao criar uma trama que entrelaça dramas pessoais e um subtexto histórico-político profundamente carregado. Como em “Tudo sobre Minha Mãe” (1999) e “Julieta” (2016), Almodóvar exibe sua capacidade de extrair emoções complexas das relações humanas, mas aqui há uma intenção deliberada de iluminar o que costuma permanecer nas sombras.

No coração dessa jornada emocional, encontramos Penélope Cruz, colaboradora frequente do cineasta, em uma de suas performances mais intensas. Em seu oitavo trabalho com Almodóvar, Cruz interpreta Janis, uma fotógrafa madrilenha cuja urgência em ser mãe contrasta com a imprevisibilidade de sua vida profissional. Cruz entrega uma atuação visceral, impregnada de camadas de beleza e dor, evocando memórias das icônicas atuações de Cecilia Roth, Marisa Paredes e Chus Lampreave. Sua habilidade de compreender e incorporar a essência do universo de Almodóvar transforma cada cena em uma experiência profundamente impactante, ampliando o potencial dramático do roteiro.

A narrativa segue Janis, que engravida de Arturo (Israel Elejalde), um arqueólogo forense, após uma sessão de fotos. O destino a leva a compartilhar o quarto de hospital com Ana (Milena Smit), uma jovem mãe solteira de 17 anos. A dinâmica entre as duas evolui de um encontro casual para uma relação complexa, onde interseções emocionais e sociais se tornam impossíveis de ignorar. A interpretação contida de Smit cria um contraste interessante com a intensidade de Cruz, equilibrando a narrativa e conferindo às cenas uma profundidade singular.

Enquanto a história se desenrola, Almodóvar costura elementos do passado político da Espanha com as crises pessoais das personagens. A busca de Janis pelo paradeiro dos restos mortais de seu bisavô, desaparecido na Guerra Civil Espanhola, é inserida de forma a entrelaçar memória coletiva e trauma individual. Embora essa abordagem histórica não seja explorada em toda sua potencialidade, ela funciona como um contraponto temático que enriquece a narrativa.

O elenco de apoio também brilha, com Aitana Sánchez-Gijón como Teresa, a mãe de Ana, uma atriz decadente cuja ausência marca profundamente a filha. Rossy de Palma, sempre magnética, traz um toque de excentricidade como Elena, a melhor amiga de Janis. A cinematografia de José Luis Alcaine, marcada pelo uso vibrante do vermelho, reforça a identidade visual tão característica do diretor, enquanto a trilha sonora sutil sublinha os momentos de maior impacto emocional.

No cerne de “Mães Paralelas” está a exploração das conseqüências éticas e emocionais da maternidade. Janis e Ana enfrentam a maternidade de formas distintas: enquanto Janis luta com a idealização e os segredos que cercam sua filha, Ana encara o peso de uma experiência traumática que define sua relação com a filha recém-nascida. Essas trajetórias se entrelaçam em um jogo de espelhos que reflete as diferentes dimensões do que significa ser mãe.

Almodóvar, fiel ao seu estilo, equilibra o melodrama com momentos de naturalismo, criando um filme que é tanto um estudo de personagem quanto uma reflexão sobre temas universais. Em “Mães Paralelas”, o diretor reafirma sua habilidade de transformar histórias profundamente pessoais em experiências cinematográficas universais, provando, mais uma vez, por que continua sendo um dos maiores nomes do cinema contemporâneo.Ao longo da vida, todos gravitamos em direção a determinados interesses, alguns de forma tão intensa que podem ser vistos como obsessões. Em “Mães Paralelas”, Pedro Almodóvar revisita, mais uma vez, o complexo universo dos laços femininos e da maternidade, temas centrais em sua filmografia, mas com nuances e camadas inexploradas. Embora o título possa sugerir simplicidade, o diretor desafia as expectativas ao criar uma trama que entrelaça dramas pessoais e um subtexto histórico-político profundamente carregado. Como em “Tudo sobre Minha Mãe” (1999) e “Julieta” (2016), Almodóvar exibe sua capacidade de extrair emoções complexas das relações humanas, mas aqui há uma intenção deliberada de iluminar o que costuma permanecer nas sombras.

No coração dessa jornada emocional, encontramos Penélope Cruz, colaboradora frequente do cineasta, em uma de suas performances mais intensas. Em seu oitavo trabalho com Almodóvar, Cruz interpreta Janis, uma fotógrafa madrilenha cuja urgência em ser mãe contrasta com a imprevisibilidade de sua vida profissional. Cruz entrega uma atuação visceral, impregnada de camadas de beleza e dor, evocando memórias das icônicas atuações de Cecilia Roth, Marisa Paredes e Chus Lampreave. Sua habilidade de compreender e incorporar a essência do universo de Almodóvar transforma cada cena em uma experiência profundamente impactante, ampliando o potencial dramático do roteiro.

A narrativa segue Janis, que engravida de Arturo (Israel Elejalde), um arqueólogo forense, após uma sessão de fotos. O destino a leva a compartilhar o quarto de hospital com Ana (Milena Smit), uma jovem mãe solteira de 17 anos. A dinâmica entre as duas evolui de um encontro casual para uma relação complexa, onde interseções emocionais e sociais se tornam impossíveis de ignorar. A interpretação contida de Smit cria um contraste interessante com a intensidade de Cruz, equilibrando a narrativa e conferindo às cenas uma profundidade singular.

Enquanto a história se desenrola, Almodóvar costura elementos do passado político da Espanha com as crises pessoais das personagens. A busca de Janis pelo paradeiro dos restos mortais de seu bisavô, desaparecido na Guerra Civil Espanhola, é inserida de forma a entrelaçar memória coletiva e trauma individual. Embora essa abordagem histórica não seja explorada em toda sua potencialidade, ela funciona como um contraponto temático que enriquece a narrativa.

O elenco de apoio também brilha, com Aitana Sánchez-Gijón como Teresa, a mãe de Ana, uma atriz decadente cuja ausência marca profundamente a filha. Rossy de Palma, sempre magnética, traz um toque de excentricidade como Elena, a melhor amiga de Janis. A cinematografia de José Luis Alcaine, marcada pelo uso vibrante do vermelho, reforça a identidade visual tão característica do diretor, enquanto a trilha sonora sutil sublinha os momentos de maior impacto emocional.

No cerne de “Mães Paralelas” está a exploração das conseqüências éticas e emocionais da maternidade. Janis e Ana enfrentam a maternidade de formas distintas: enquanto Janis luta com a idealização e os segredos que cercam sua filha, Ana encara o peso de uma experiência traumática que define sua relação com a filha recém-nascida. Essas trajetórias se entrelaçam em um jogo de espelhos que reflete as diferentes dimensões do que significa ser mãe.

Almodóvar, fiel ao seu estilo, equilibra o melodrama com momentos de naturalismo, criando um filme que é tanto um estudo de personagem quanto uma reflexão sobre temas universais. Em “Mães Paralelas”, o diretor reafirma sua habilidade de transformar histórias profundamente pessoais em experiências cinematográficas universais, provando, mais uma vez, por que continua sendo um dos maiores nomes do cinema contemporâneo.

Filme: Mães Paralelas
Diretor: Pedro Almodóvar
Ano: 2021
Gênero: Comédia/Drama/Suspense
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★