Com mais de 300 milhões de exemplares vendidos, a série literária protagonizada por Alex Cross, criada por James Patterson, consolidou-se como uma referência no gênero policial. As histórias do detetive chegaram às telas em três produções: “Beijos Que Matam” (1997) e “Na Teia da Aranha” (2001), ambos com Morgan Freeman no papel principal, e “Alex Cross” (2012), estrelado por Tyler Perry. A estreia cinematográfica de Cross, no entanto, se deu sob a direção de Gary Fleder em um thriller marcante que combinou tensão, ação e um estudo sombrio sobre psicopatas.
Em “Beijos Que Matam”, somos apresentados à doutora Kate McTiernan, vivida por Ashley Judd. Ela escapa das garras de um sequestrador em série que mantém mulheres presas em cativeiros subterrâneos na floresta. Sob o pseudônimo de Casanova, o criminoso escolhe suas vítimas entre jovens consideradas fortes e notáveis, submetendo-as a torturas e abusos. Determinada a impedi-lo, Kate une forças com Alex Cross, que, além de liderar a investigação, enfrenta um drama pessoal: sua sobrinha está entre as desaparecidas. O caso se torna ainda mais perturbador quando surge a evidência de que Casanova não atua sozinho, contando com cúmplices para executar seus planos macabros.
O filme não atrai apenas pela trama envolvente, mas também pelo comprometimento de Ashley Judd, que realizou extensivo treinamento em artes marciais para dar vida à corajosa Kate. A atriz insistiu em executar várias cenas perigosas sem dublê, incluindo a arriscada fuga ao saltar de uma cachoeira de 50 metros, embora a produção tenha vetado essa ideia por questões de segurança. Kate aparece como um símbolo de resiliência e empoderamento, enfrentando traumas profundos para ajudar a capturar o criminoso e salvar outras vítimas.
A parceria entre Judd e Freeman, já consolidada em outros projetos como “Crimes em Primeiro Grau” e “Winter, o Golfinho”, confere autenticidade à narrativa. Essa química em tela reforça a credibilidade de um enredo que alterna entre o emocional e o investigativo, cativando o público do início ao fim.
As filmagens aconteceram em múltiplas locações, incluindo a Carolina do Norte, Los Angeles e os estúdios da Paramount. A direção de fotografia de Aaron Schneider é um dos pontos altos do longa. Inspirada pelo estilo noir, a cinematografia utiliza sombras profundas, cores soturnas e contrastes marcantes para criar uma atmosfera de perigo constante. Técnicas como o uso de lentes de dioptria — que permitem focar simultaneamente em dois planos diferentes — e a composição de cenas divididas refletem influências de mestres como Brian De Palma, reforçando a tensão e o mistério que permeiam a história.
Disponível na Netflix, “Beijos Que Matam” é um exemplo notável do cinema investigativo dos anos 1990. Ao lado de obras-primas como “O Silêncio dos Inocentes” e “Se7en”, o filme marcou uma era de thrillers psicológicos densos e narrativas inquietantes. A mistura de performances marcantes, direção precisa e um roteiro sólido consolidou a produção como um clássico atemporal do gênero.
★★★★★★★★★★