Há amores que desafiam a própria morte e se lançam na escuridão para resgatar o que se perdeu. Assim fez Orfeu, filho de Apolo e Calíope, ao descer ao Hades para trazer de volta Eurídice, sua amada vítima de uma serpente fatal. Curiosamente, “O Amor Mandou Mensagem” ecoa esse mito grego em um contexto moderno, com menos tragédia e mais romance contemporâneo, relembrando a ópera de Christoph Willibald Gluck, apresentada ao mundo em 1762.
Embora James C. Strouse não tenha a sofisticação de Gluck e seu filme não busque o esplendor da arte clássica, ele cumpre seu papel: transformar dor em oportunidade e luto em amor. Uma paixão interrompida por uma fatalidade dá lugar a uma nova chance, impulsionada por coincidências tecnológicas engenhosamente planejadas pelas roteiristas Sofie Cramer e Andrea Willson.
A história segue Mira Ray, uma ilustradora talentosa que vê seu mundo desabar após perder John em um atropelamento acidental. Incapaz de superar a dor, Mira se agarra a memórias, enviando mensagens ao número do falecido, acreditando que ele foi desativado. No entanto, essas mensagens não caem no vazio: o novo dono do número é Rob Burns, um crítico musical cético e pouco familiarizado com as ilustrações vibrantes que encantam crianças. Esse encontro improvável transforma mensagens de despedida em um inesperado diálogo com o futuro.
Strouse recicla temas familiares, lembrando “P.S. Eu Te Amo” (2007), e se ancora na química palpável entre Priyanka Chopra Jonas e Sam Heughan. Heughan dá vida a Rob com uma resistência inicial que lentamente se dissolve, revelando um desejo genuíno de conquistar Mira, ainda envolta em seu luto.
Contudo, o filme tropeça em sua própria insegurança. Aparições de Céline Dion e Nick Jonas parecem forçadas, desviando a atenção da trama central, enquanto atuações de apoio de Russell Tovey e Celia Imrie são desperdiçadas em papéis subexplorados.
Mesmo assim, “O Amor Mandou Mensagem” oferece uma narrativa envolvente sobre segundas chances, mostrando que, às vezes, é preciso perder para reencontrar o amor — seja nos mitos antigos ou na era dos smartphones.
★★★★★★★★★★