O romance mais assistido do ano: 302 dias no Top 10 do Prime Video em 2024

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A televisão americana e os múltiplos serviços de streaming têm desempenhado um papel fundamental na descoberta de novos talentos, transformando rostos jovens em verdadeiras estrelas do entretenimento. “Riverdale” (2017-2023), produção da CW, destacou-se como um laboratório para revelar atores que vão além da estética superficial e mergulham em performances notáveis. Charles Melton é um desses exemplos, comprovando sua profundidade em “Segredos de Um Escândalo” (2023), de Todd Haynes. Camila Mendes, por sua vez, mostra-se igualmente promissora em “Upgrade: As Cores do Amor”, filme de Carlson Young que explora os desafios profissionais e éticos de uma geração em busca de identidade e sucesso.

Inspirado em “O Diabo Veste Prada” (2006), de David Frankel, e com ecos de “Quando Encontrei Você” (2021), de Brian Baugh, o roteiro de Christine Lenig, Justin Matthews e Luke Spencer Roberts mistura narrativas de ambição e dilemas éticos. No papel de Ana Santos, uma historiadora de arte à beira do fracasso financeiro, Mendes entrega uma atuação que oscila entre vulnerabilidade e determinação. A diretora Carlson Young, de forma sutil, desarma qualquer expectativa romântica sobre a trajetória da protagonista, revelando um cenário onde inocência e oportunismo colidem.

A vida de Ana se desenrola em um apartamento emprestado pela irmã Vivian (Aimee Carrero) e o cunhado Ronnie (Andrew Schulz, em um papel cômico preciso). Detalhes como uma reprodução barata da obra abstrata “O Cisne — Número 1” (1915), de Hilma af Klint, simbolizam a luta interna da personagem, presa entre opostos: ética e ambição, arte e pragmatismo. Ronnie sugere que Ana retorne à sua cidade natal e busque estabilidade como fuzileira, mas o destino tem planos mais complexos.

Quando identifica uma falha técnica em um catálogo de leilão, Ana ignora o cerco imposto por colegas invejosas e alerta Claire Dupont (Marisa Tomei), diretora de uma influente casa de leilões. Em resposta, Claire a promove a terceira-assistente e envia-a a Londres para lidar com uma valiosa coleção de obras-primas. Uma atualização de classe econômica para primeira classe, cortesia de uma agente aérea simpática (Juliet Agnes), dá início a uma cadeia de eventos transformadores. É nesse voo que Ana conhece William DeLaroche (Archie Renaux), herdeiro charmoso e amante da arte.

A partir desse encontro, o enredo evolui de um drama corporativo para uma comédia romântica pontuada por mal-entendidos e mentiras sociais. Carlson Young dá espaço suficiente para que Mendes e Renaux desenvolvam uma química autêntica, apenas para reverter as expectativas com um conflito ético envolvendo a implacável Claire. Nesse jogo de poder, Catherine (Lena Olin), mãe de William e viúva milionária, surge como uma figura surpreendentemente libertadora, destoando da rigidez fria de Claire.

Em um clímax onde as máscaras caem e os valores são testados, Ana Santos encontra redenção e poesia no caos, provando que o sucesso, embora sedutor, exige mais do que apenas competência. Entre o luxo dos leilões e as ruas de Londres, “Upgrade: As Cores do Amor” oferece uma reflexão sobre integridade, poder e a busca incessante por um lugar no mundo.

Filme: Upgrade: As Cores do Amor
Diretor: Carlson Young
Ano: 2024
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★