Nenhum filme te fará chorar tanto quando esse drama de Segunda Guerra, cheio de melancolia e doçura, na Netflix Divulgação / Netflix

Nenhum filme te fará chorar tanto quando esse drama de Segunda Guerra, cheio de melancolia e doçura, na Netflix

Os filmes sobre o Holocausto carregam um peso inevitável, revivendo um capítulo sombrio da humanidade que nunca deve ser esquecido. Revisitar essa história, apesar de doloroso, carrega um valor pedagógico inestimável, reforçando a máxima de que é preciso lembrar para não repetir. Em reconhecimento a essa importância, a Organização das Nações Unidas (ONU) consagrou o dia 27 de janeiro como o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto.

Entre as produções que abordam esse tema, “Anne Frank, Minha Melhor Amig”, dirigido por Ben Sombogaart e lançado em 2021, se destaca ao explorar a amizade entre Anne Frank e Hannah Goslar. Anne, uma das vítimas mais conhecidas do Holocausto, deixou um legado inestimável por meio de seu diário. Infelizmente, ela não viveu para presenciar seu impacto no mundo, sucumbindo à febre tifoide no campo de concentração de Bergen-Belsen, aos 15 anos. Já Hannah, sobrevivente do mesmo período, enfrentou horrores semelhantes, mas escapou para contar sua história.

O roteiro do filme, escrito por Marian Batavier e Paul Ruven, foi baseado em relatos diretos de Goslar, que compartilhou memórias detalhadas de sua relação com Anne, desde os dias idílicos em Amsterdã até o reencontro comovente em Bergen-Belsen. Apesar de viverem em condições um pouco menos degradantes no “campo de troca”, Hannah e sua irmã Gabi presenciaram a devastação ao seu redor. Foi nesse campo que Hannah encontrou Anne pela última vez, separadas por uma cerca, onde conseguiu entregar um saco de comida para a amiga. Dias depois, Anne faleceu, deixando para trás uma história de amizade interrompida pelo ódio.

As duas meninas nasceram na Alemanha e se tornaram amigas ao migrarem para Amsterdã, após a ascensão de Hitler. Sua ligação foi instantânea, unida pela língua comum e pelo destino compartilhado. Apesar das diferenças — Anne, extrovertida e progressista; Hannah, tímida e de família religiosa —, a amizade floresceu, sustentada por anos de cumplicidade e descobertas.

No filme, flashbacks revelam a vida cotidiana das amigas: os passeios por parques, as confidências nos quartos e os momentos na escola. Paralelamente, a narrativa intercala o presente, onde Hannah, já prisioneira no campo, enfrenta a dura realidade ao lado da irmã. Esse contraste entre a inocência perdida e a brutalidade do presente confere à obra uma profundidade emocional única.

À época do lançamento, a produção enfrentou críticas por humanizar Anne de forma mais complexa, apresentando-a como uma jovem cheia de nuances, com virtudes e defeitos. Para muitos, essa visão desmistificadora chocou, mas ela também enriquece a compreensão de Anne como uma figura real e multifacetada, em vez de um símbolo idealizado. 

“Anne Frank, Minha Melhor Amiga” não busca apenas retratar a tragédia, mas também celebrar a humanidade em meio ao horror. Com uma narrativa melancólica, porém entremeada de doçura, o filme explora as camadas da amizade, da memória e das complexidades humanas, enquanto reflete sobre um passado que continua a ecoar. É um testemunho sensível de como laços pessoais podem resistir ao tempo e à adversidade, mesmo nas circunstâncias mais cruéis.

Filme: Anne Frank, Minha Melhor Amiga
Diretor: Ben Sombogaart
Ano: 2022
Gênero: Drama
Avaliaçao: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.