Após anos de expectativa, “Alerta de Risco’’ finalmente estreia na Netflix, carregando um peso considerável de expectativa. Filmado no Novo México, o longa teve seu roteiro desenvolvido por Josh Olson e John Brancato há quase uma década, recebendo ajustes finais de Halley Wegryn Gross. O projeto marca a entrada da aclamada cineasta indonésia Mouly Surya no cinema hollywoodiano. Conhecida pelo sucesso de “Marlina — A Assassina em Quatro Atos”, obra que competiu em Cannes e foi indicada ao Oscar, Surya parecia pronta para entregar algo memorável. Contudo, o resultado não corresponde ao potencial de sua direção nem às promessas iniciais.
Descrito como uma “versão feminina de John Wick”, o filme rapidamente revela que a comparação é exagerada. Apesar das sequências de ação bem coreografadas, estas não conseguem mascarar as falhas estruturais da narrativa. A experiência é pontuada por momentos de tédio que frequentemente levam o espectador a verificar o celular, refletindo a falta de engajamento proporcionada pela obra. O tom excessivamente sério contrasta com a execução limitada por um orçamento mediano não divulgado, resultando em uma produção que raramente atinge suas ambições.
No centro da trama está Jessica Alba, cuja atuação como Parker, uma oficial das Forças Especiais, deixa a desejar. A personagem, apresentada como uma mulher habilidosa e resiliente, não convence no papel de heroína de ação. A narrativa começa com uma missão clandestina na Síria, mas rapidamente a transporta para sua cidade natal, onde a morte do pai, proprietário de um bar, desencadeia eventos que envolvem conspirações e contrabando de armas. A relação de Parker com o ex-namorado Jesse (Mark Webber), agora xerife local, adiciona um drama superficial à trama, que se enreda em subtramas pouco desenvolvidas e diálogos fracos.
A descoberta de uma carta de despedida do pai leva Parker a questionar as circunstâncias de sua morte, mas o roteiro, repleto de inconsistências e pontas soltas, compromete o desenvolvimento dessa investigação. Os vilões e a conspiração central parecem saídos de um catálogo genérico de antagonistas de ação, enquanto as cenas de combate, embora tecnicamente bem executadas, são curtas e sem impacto emocional. O desempenho de Alba, pouco expressivo, contribui para a dificuldade do público em se conectar com a protagonista.
Apesar de suas limitações, “Alerta de Risco” não é uma experiência completamente desagradável. Para quem busca um entretenimento descompromissado, o filme oferece momentos de ação que, embora previsíveis, podem satisfazer espectadores menos exigentes. No entanto, falta profundidade, originalidade e dedicação à construção de uma narrativa marcante, elementos que poderiam ter elevado a produção a um nível superior.
“Alerta de Risco” se apresenta como mais um produto de ação genérico no catálogo da Netflix. Embora tenha um valor momentâneo como passatempo, não deixa uma impressão duradoura e certamente não aproveita todo o potencial de sua equipe criativa.
★★★★★★★★★★