37 dias em todas as televisões: o thriller polonês baseado em livro com 1 milhão de cópias vendidas que conquistou os assinantes da Netflix Divulgação / Aurum Film

37 dias em todas as televisões: o thriller polonês baseado em livro com 1 milhão de cópias vendidas que conquistou os assinantes da Netflix

Adrian Panek adapta “As Cores do Mal: Vermelho”, baseado na obra de Małgorzata Oliwia Sobczak, em um thriller polonês que revisita influências da trilogia das “Três Cores” de Krzysztof Kieślowski, mas com um enfoque moderno e visceral. Enquanto a trilogia de Kieślowski explorava os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade através das cores da bandeira francesa, Panek utiliza o vermelho para evocar paixão, violência e mistério. 

O longa introduz Monika (Zofia Jastrzebska), uma jovem cativante que transita entre o carisma magnético e a ousadia imprudente. Acompanhada de Mario (Jan Wieteska), ela desafia as normas para entrar em uma boate e impressiona o gerente do local com sua atitude audaciosa. Porém, o brilho inicial logo cede lugar à escuridão, e Monika acaba envolvida em um submundo perigoso. O filme não demora a surpreender: após uma cena íntima entre Monika e o gerente, seu corpo é encontrado na praia, e o espectador é levado a questionar as circunstâncias de sua morte.

Neste ponto, entra em cena Leopold Bilski (Jakub Gierszal), um promotor determinado a confrontar um sistema legal corrupto e preguiçoso. Ele descobre paralelos entre o caso de Monika e um crime ocorrido 15 anos antes, mas a busca pela verdade o coloca em conflito com superiores que preferem encerrar o caso rapidamente. Ao mesmo tempo, Helena (Maja Ostaszewska), mãe de Monika, conduz uma investigação paralela, enfrentando ameaças para entender o destino trágico de sua filha. Suas jornadas, inicialmente distintas, convergem em uma teia complexa de segredos, mentiras e poder.

A narrativa de Panek se distingue por sua estrutura intricada, onde os eventos não seguem uma linha temporal linear. Revelações estratégicas desafiam o público a decifrar a verdade por trás de cada cena. Monika, inicialmente uma jovem confiante e livre, é gradualmente revelada como uma vítima das maquinações de Kazar (Przemyslaw Bluszcz), um traficante poderoso cuja desconfiança e crueldade a colocam em uma posição de vulnerabilidade extrema. Em um jogo de poder e obsessão, a personagem se torna tanto um símbolo de resistência quanto de tragédia.

A cinematografia se destaca ao capturar o contraste entre a vibrante vida noturna e a sombria quietude dos cenários poloneses. O uso simbólico das cores, com o vermelho dominando como um elemento narrativo e emocional, eleva a intensidade da história. Cada detalhe visual reflete as camadas psicológicas e morais dos personagens, construindo uma atmosfera de tensão e introspecção.

A direção de Panek mantém o espectador em constante estado de alerta, equilibrando momentos de violência gráfica com reflexões sutis sobre as complexidades da justiça e da moralidade. O elenco entrega performances marcantes: Zofia Jastrzebska infunde Monika com uma combinação de força e vulnerabilidade, enquanto Jakub Gierszal constrói Bilski como um símbolo de integridade em um sistema decadente. 

Disponível na Netflix, “As Cores do Mal: Vermelho” transcende as convenções do gênero, oferecendo mais do que apenas suspense. É uma análise profunda da natureza humana e dos segredos que moldam nossas vidas. Com uma trama engenhosamente elaborada e personagens multifacetados, o filme convida o público a questionar as aparências e a explorar as camadas escondidas de uma história que é, ao mesmo tempo, perturbadora e cativante. É uma obra essencial para quem busca um cinema que instigue tanto a mente quanto o coração.

Filme: As Cores do Mal: Vermelho
Diretor: Adrian Panek
Ano: 2024
Gênero: Crime/Drama/Policial/Suspense
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★