A vida é um intervalo curto entre nascer e morrer, durante o qual o homem persegue respostas para questões as mais complexas, as mais incômodas, sabendo que não irá encontrá-las — ou, pior, pensará tê-las encontrado, até que, muito tempo depois, terá de admitir que precipitou-se. Assim mesmo, cada um toma sua cruz e busca sentido para a caminhada, achando uma ou outra mão amiga, umas vacilantes, outras mais firmes, e o medo e a esperança muitas vezes acabam tornando-se uma coisa só.
O amor pelo amor não basta. As borboletas se amam umas às outras, embora nunca venham a saber disso — e nunca sequer tenham a consciência de que de fato são borboletas e não apenas fazem parte do sonho de um filosofo chinês. Borboletas têm uma cadência toda própria, assim como o mais humano dos sentimentos, e os protagonistas de “Dançando para Amar” aos poucos absorvem essa grande lição. Bradley Walsh fixa-se em duas figuras meio antagônicas entre si, mas que se completam, para falar de um amor que se fortalece nas diferenças. Pena que o resultado seja tão parecido com uma outra comédia romântica.
As histórias românticas talvez não sejam mais capazes de sustentar uma história pela força do argumento que reza que o amor supera qualquer dificuldade, ultrapassa todos os obstáculos e supre carências afetivas de outras ordens são escassos e quase sempre ambientam-se em distantes tempos idos, justamente porque o amor, é uma lástima, mudou demais. Como todos os sentimentos de que o homem desfruta e contra os quais flagra-se numa guerra encarniçada, tentando se libertar e cada vez mais enredando-se em seus fios, igual à mosca na teia da aranha, o amor tem predicados e defeitos de que se gosta ou se desgosta em maior ou menor proporção, despertando assim reações as mais imprevisíveis a depender de quem atinja.
O roteiro de Scott Sveslosky insiste numa protagonista que se vê obrigada a voltar a um momento de seu passado para salvar da falência o negócio de seus pais, o mesmo enredo de “No Ritmo do Natal” (2024), de Peter Sullivan — que, sim, veio depois. Contudo, o problema de “Dançando para Amar” é tudo o que um filme dessa natureza não pode ter. A pouquíssima afinidade entre Danica McKellar e David Haydn-Jones trata de enterrar qualquer chance de que o público se comova ou mesmo se divirta. É uma pena, mas os dois tropeçam e todo o resto vai abaixo.
★★★★★★★★★★