Com Julia Roberts, filme visto por 170 milhões e passou 57 dias no Top 10 mundial da Netflix Divulgação / Netflix

Com Julia Roberts, filme visto por 170 milhões e passou 57 dias no Top 10 mundial da Netflix

Sam Esmail, conhecido por sua capacidade de unir autodestruição humana e crítica social, entrega em “O Mundo Depois de Nós” uma narrativa provocadora e incisiva. Adaptado do romance de Rumaan Alam, o filme é um retrato ácido da sociedade contemporânea, costurando temas como racismo, medo do desconhecido e colapso social iminente. Esmail recorre à linguagem cinematográfica com precisão cirúrgica, construindo uma obra que, ao mesmo tempo em que flerta com o absurdo, é dolorosamente realista.  

Amanda, interpretada com intensidade por Julia Roberts, representa o niilismo moderno. Suas falas, carregadas de desprezo e desalento, não apenas revelam seu descontentamento pessoal, mas ecoam a desesperança de um mundo em decomposição moral. Inicialmente, Amanda parece ser uma mãe e esposa comum, mas suas atitudes e palavras são uma crítica feroz ao otimismo vazio e às falsas promessas do progresso humano. O olhar distante de Roberts ao longo dos 138 minutos imprime um peso à narrativa, preparando o público para um final perturbador.  

A dinâmica familiar é marcada por tensões sutis, mas constantes. Clay, vivido por Ethan Hawke, é uma figura apagada, quase irrelevante diante da presença dominante de Amanda. A decisão de alugar um palacete em Long Island para o fim de semana transforma-se em uma metáfora para o isolamento emocional e a busca desesperada por controle em meio ao caos iminente.  

Tod Campbell, diretor de fotografia, mantém o visual do filme em uma zona segura entre o iluminado e o sombrio, criando uma estética que captura a tensão crescente sem recorrer ao grotesco. Essa abordagem visual contrasta com a decadência emocional dos personagens, enquanto pequenos sinais de desastre se acumulam: a queda do Wi-Fi, o naufrágio de um navio de carga, e, por fim, a chegada de G.H. Scott (Mahershala Ali) e sua filha Ruth (Myha’la).  

A interação entre Amanda e G.H. revela camadas profundas de preconceito e medo. Amanda duvida da legitimidade de G.H., evidenciando o racismo enraizado que Esmail explora sem rodeios. Ali e Roberts travam um duelo silencioso de atuações, onde cada palavra dita ou silenciada carrega um peso social e emocional inescapável. Ruth, por sua vez, serve como um elo de esperança e resistência, suavizando a dureza da narrativa com sua presença firme, mas empática.  

À medida que o filme avança, o tom sarcástico dá lugar a uma crítica contundente das teorias conspiratórias e da incapacidade humana de lidar com crises reais. O ápice da trama, com a revelação de que Nova York está imersa em um apagão incontrolável, transforma o filme em uma espécie de reflexão filosófica sobre a fragilidade da ordem social. O final, reminiscentemente de “Não Olhe para Cima” (2021) e “Corra!” (2017), provoca uma sensação de desconforto e urgência. Esmail não oferece resoluções fáceis; ao contrário, deixa o público confrontado com a própria natureza cínica e autodestrutiva da humanidade.  

“O Mundo Depois de Nós” não é apenas uma narrativa sobre o fim, mas sobre o que vem depois: o vazio, a luta por controle e o enfrentamento dos próprios demônios sociais. Esmail orquestra essa sinfonia de caos e reflexão com maestria, criando um filme que não apenas escandaliza, mas também desafia seu público a encarar verdades desconfortáveis e inescapáveis.Sam Esmail, conhecido por sua capacidade de unir autodestruição humana e crítica social, entrega em “O Mundo Depois de Nós” uma narrativa provocadora e incisiva. Adaptado do romance de Rumaan Alam, o filme é um retrato ácido da sociedade contemporânea, costurando temas como racismo, medo do desconhecido e colapso social iminente. Esmail recorre à linguagem cinematográfica com precisão cirúrgica, construindo uma obra que, ao mesmo tempo em que flerta com o absurdo, é dolorosamente realista.  

Amanda, interpretada com intensidade por Julia Roberts, representa o niilismo moderno. Suas falas, carregadas de desprezo e desalento, não apenas revelam seu descontentamento pessoal, mas ecoam a desesperança de um mundo em decomposição moral. Inicialmente, Amanda parece ser uma mãe e esposa comum, mas suas atitudes e palavras são uma crítica feroz ao otimismo vazio e às falsas promessas do progresso humano. O olhar distante de Roberts ao longo dos 138 minutos imprime um peso à narrativa, preparando o público para um final perturbador.  

A dinâmica familiar é marcada por tensões sutis, mas constantes. Clay, vivido por Ethan Hawke, é uma figura apagada, quase irrelevante diante da presença dominante de Amanda. A decisão de alugar um palacete em Long Island para o fim de semana transforma-se em uma metáfora para o isolamento emocional e a busca desesperada por controle em meio ao caos iminente.  

Tod Campbell, diretor de fotografia, mantém o visual do filme em uma zona segura entre o iluminado e o sombrio, criando uma estética que captura a tensão crescente sem recorrer ao grotesco. Essa abordagem visual contrasta com a decadência emocional dos personagens, enquanto pequenos sinais de desastre se acumulam: a queda do Wi-Fi, o naufrágio de um navio de carga, e, por fim, a chegada de G.H. Scott (Mahershala Ali) e sua filha Ruth (Myha’la).  

A interação entre Amanda e G.H. revela camadas profundas de preconceito e medo. Amanda duvida da legitimidade de G.H., evidenciando o racismo enraizado que Esmail explora sem rodeios. Ali e Roberts travam um duelo silencioso de atuações, onde cada palavra dita ou silenciada carrega um peso social e emocional inescapável. Ruth, por sua vez, serve como um elo de esperança e resistência, suavizando a dureza da narrativa com sua presença firme, mas empática.  

À medida que o filme avança, o tom sarcástico dá lugar a uma crítica contundente das teorias conspiratórias e da incapacidade humana de lidar com crises reais. O ápice da trama, com a revelação de que Nova York está imersa em um apagão incontrolável, transforma o filme em uma espécie de reflexão filosófica sobre a fragilidade da ordem social. O final, reminiscentemente de “Não Olhe para Cima” (2021) e “Corra!” (2017), provoca uma sensação de desconforto e urgência. Esmail não oferece resoluções fáceis; ao contrário, deixa o público confrontado com a própria natureza cínica e autodestrutiva da humanidade.  

“O Mundo Depois de Nós” não é apenas uma narrativa sobre o fim, mas sobre o que vem depois: o vazio, a luta por controle e o enfrentamento dos próprios demônios sociais. Esmail orquestra essa sinfonia de caos e reflexão com maestria, criando um filme que não apenas escandaliza, mas também desafia seu público a encarar verdades desconfortáveis e inescapáveis.

Filme: O Mundo Depois de Nós
Diretor: Sam Esmail
Ano: 2023
Gênero: Drama/Suspense
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★