Após um longo período afastada dos grandes holofotes, Lindsay Lohan volta a dar as caras no cenário cinematográfico. A atriz, que por anos protagonizou pequenos projetos sem grande impacto, encontrou em 2022 uma nova oportunidade de redirecionar sua carreira, desta vez como estrela de comédias românticas na Netflix. Sua mais recente investida, “Pedido Irlandês”, dirigido por Janeen Damian e roteirizado por Kirsten Hansen, não promete reinventar o gênero, mas oferece uma dose certeira de encanto e leveza, ideal para quem busca um passatempo descontraído.
Na trama, Lohan dá vida a Maddie Kelly, uma editora literária que nutre, em segredo, um amor platônico por seu principal autor, Paul Kennedy (Alexander Vlahos). Acreditando que o sentimento é mútuo, Maddie se decepciona ao descobrir que Paul está apaixonado por sua melhor amiga de infância, Emma Taylor (Elizabeth Tan), e rapidamente decide pedi-la em casamento. O convite para ser madrinha leva Maddie e Heather (Ayesha Curry), outra grande amiga do trio, até a Irlanda, onde o cenário de conto de fadas aguarda: um majestoso castelo cercado por campos de lavanda em uma encantadora cidade costeira, com um clima invernal que amplifica a atmosfera mágica.
Entretanto, antes de pisarmos nesse cenário de sonhos, o destino prega uma peça. Ainda no aeroporto, Maddie se envolve em um pequeno desentendimento com James Thomas (Ed Speleers), um fotógrafo cujo caminho cruzará o dela de forma mais significativa adiante, quando ambos confundem suas malas. A interação inicial, carregada de tensão e alfinetadas, dá o tom de uma química que promete evoluir.
Enquanto Maddie observa o casal feliz em seus preparativos matrimoniais, o peso de sua solidão se torna evidente. Em um momento de introspecção, ela encontra um banco misterioso em meio aos campos irlandeses e, tomada pela tristeza, faz um desejo: estar no lugar de Emma, casada com Paul. Contudo, o banco não é comum — ele concede desejos, mas com um toque inusitado. Sob a tutela de Santa Brígida, descrita pelo padre local como uma figura travessa que entrega não o que se deseja, mas o que realmente se necessita, Maddie logo se encontra vivendo seu desejo realizado. Porém, o sonho rapidamente se complica.
Casada com Paul, Maddie percebe que o destino não é tão idílico quanto imaginava. Usando um vestido de noiva que detesta, escolhido apenas por ser uma tradição da família dele, ela se vê submersa em regras rígidas impostas pela mãe autoritária de Paul. Ao mesmo tempo, sua própria mãe, Rosemary (Jane Seymour), enfrenta uma sequência de contratempos que a impedem de comparecer ao casamento, aumentando a frustração de Maddie. O peso da escolha começa a transparecer também em Emma, cuja tristeza por sacrificar seu grande amor em prol da amiga é difícil de ignorar.
O ponto de virada acontece durante uma sessão de fotos organizada pela família, quando Maddie e James são forçados a enfrentar uma tempestade juntos. O isolamento os aproxima, e os sentimentos que brotam entre eles colocam Maddie diante de uma nova perspectiva sobre o amor e suas escolhas. A relação que surge, embora previsível, é construída com charme suficiente para manter o público investido.
“Pedido Irlandês” não rompe barreiras nem subverte expectativas no campo das comédias românticas. A narrativa transita por clichês já familiares, mas, paradoxalmente, é justamente essa familiaridade que sustenta o filme. A presença magnética de Lindsay Lohan, aliada à sua química inegável com Ed Speleers, dá vida a uma história que, embora despretensiosa, resgata o calor da nostalgia. Cada cena reafirma por que a atriz é tão querida pelos fãs, transformando uma produção modesta em um reencontro afetivo com sua estrela.
★★★★★★★★★★