Em tempos onde a busca pelo escapismo fácil domina os catálogos dos streamings, “Lift: Roubo nas Alturas” surge como mais uma peça na engrenagem dessa máquina de ação genérica. Um filme feito para entreter, sem grandes ambições narrativas, mas com um objetivo claro: proporcionar 100 minutos de fuga do caos cotidiano. Com uma narrativa recheada de adrenalina e rostos conhecidos, a produção dirigida por F. Gary Gray promete, ao menos, preencher a lacuna deixada pelo tédio.
F. Gary Gray, conhecido por sucessos como “A Negociação” e “Uma Saída de Mestre”, parece ter optado pelo caminho mais seguro, deixando de lado a densidade que marcou sua carreira inicial. Aqui, ele entrega um filme altamente polido, mas que carece de alma. O roteiro de Daniel Kunka, previsível e desprovido de inovação, recicla clichês e esboça uma trama que, embora funcional, não se aventura a sair do piloto automático.
Por outro lado, o elenco estelar é o grande trunfo. Kevin Hart assume o papel de Cyrus, um ladrão de obras de arte carismático e astuto, com o carisma habitual que o mantém em alta em Hollywood. No entanto, ele divide a cena com nomes de peso, como Gugu Mbatha-Raw, Sam Worthington, Vincent D’Onofrio, Jean Reno e Burn Gorman, cuja presença eleva o patamar da obra, mesmo quando o material deixa a desejar. Gugu Mbatha-Raw entrega intensidade como Abby Gladwell, a agente da Interpol cuja frustração com a burocracia do sistema a leva a formar uma aliança improvável com Cyrus.
A trama, que gira em torno de um plano ousado para roubar barras de ouro de um magnata do crime, Jorgensen (Jean Reno), mistura elementos de filmes de assalto clássicos com uma abordagem moderna repleta de efeitos visuais de ponta. Cada membro da equipe de Cyrus traz uma habilidade distinta, uma fórmula que funciona bem para criar cenas de ação eletrizantes, mesmo que previsíveis. Abby, forçada a trabalhar com criminosos para um bem maior, é a personagem mais interessante, mas sua profundidade é apenas arranhada.
Esteticamente, o filme é uma vitrine tecnológica: efeitos visuais impecáveis, cenas bem coreografadas e sequências de ação que impressionam pela precisão. No entanto, a falta de carisma dos personagens e a ausência de tensão genuína deixam o espectador com a sensação de que algo está faltando. Não há surpresa, não há riscos reais, apenas uma entrega competente do que se espera de um blockbuster genérico.
Se o seu objetivo é desligar a mente e se deixar levar por uma sucessão de cenas de ação espetaculares, “Lift: Roubo nas Alturas” cumpre seu papel. Contudo, se busca uma narrativa que instigue, emocione ou surpreenda, talvez este voo não seja a escolha ideal.
★★★★★★★★★★