Vencedor do Oscar em 2014 por sua obra-prima “12 Anos de Escravidão”, Steve McQueen se consolidou como um cineasta de relevância internacional, cuja filmografia explora temas intensos, com protagonistas que enfrentam dilemas morais profundos ou angustias existenciais. Sua trajetória inclui o aclamado “Hunger” (2008), que narra a greve de fome liderada por Bobby Sands, membro do Exército Republicano Irlandês (IRA), durante sua prisão em 1981. Em “Shame” (2011), McQueen novamente se une a Michael Fassbender para contar a história de um homem preso em um vício autodestrutivo, onde a busca por prazer se transforma em um vazio avassalador.
Aclamado mundialmente, o cineasta atinge o auge de sua carreira com “12 Anos de Escravidão”, onde adapta a autobiografia de Solomon Northup, um homem negro sequestrado e vendido como escravo no sul dos Estados Unidos do século 19. Esse filme não apenas emociona, mas também educa, revelando as cicatrizes profundas da escravidão e as consequências de uma sociedade que destrói vidas com a justificativa da supremacia racial. A obra foi premiada com o Oscar de Melhor Filme, além de levar outros prêmios de prestígio, cimentando McQueen como um dos grandes nomes do cinema contemporâneo.
Com “Viúvas” (2018), McQueen nos apresenta um thriller de crime em que a viúva de um chefe de gangue, interpretada por Viola Davis, se vê obrigada a unir as esposas dos criminosos mortos durante um assalto mal-sucedido. Juntas, elas decidem concluir o que os maridos começaram, enfrentando perigos e desafios enquanto buscam manter suas vidas. O filme se destaca pela abordagem de temas como empoderamento feminino, corrupção e o confronto entre justiça e vingança.
Em sua mais recente produção, “Blitz”, McQueen nos transporta para a Inglaterra da Segunda Guerra Mundial, onde acompanhamos a jornada de Rita e seu filho George. Interpretados por Saoirse Ronan e Elliot Heffernan, respectivamente, eles são separados durante os bombardeios intensos do exército nazista. Rita, desesperada, envia seu filho para um lugar seguro, mas ele escapa do trem e embarca em uma jornada perigosa para reencontrá-la. Por sua vez, Rita usa sua posição de trabalhadora em uma fábrica para protestar contra os ataques, enquanto lida com a angústia de saber que seu filho corre riscos.
A história de George é marcada por encontros com figuras duvidosas e oportunistas que, aproveitando-se da guerra, buscam lucrar à custa do sofrimento alheio. Ao longo de sua jornada, o menino enfrenta uma série de perigos, sendo confrontado pela realidade de um país em guerra, onde a linha entre sobrevivência e moralidade se desfaz. A narrativa, comparada com “Jojo Rabbit”, possui uma atmosfera emocionante, mas também cai nas armadilhas do sentimentalismo excessivo. Apesar disso, as atuações de Ronan e Heffernan equilibram o melodrama com um carisma perceptível, trazendo autenticidade ao enredo.
“Blitz” também se destaca por sua trama tocante, mas, apesar das atuações poderosas, ainda carece de maior profundidade narrativa. A história, por vezes, utiliza o sentimentalismo de maneira um tanto forçada, buscando lágrimas fáceis de um público vulnerável. Contudo, o talento de Ronan, que está sendo cotada para o Oscar de 2025, brilha em sua performance, a qual se soma à de seu trabalho em “The Outrun”, tornando-a uma das favoritas para a categoria de Melhor Atriz.
Ainda assim, “Blitz” deixa uma marca importante no cinema de McQueen, ao focar nas emoções humanas mais cruéis e na resiliência frente a tempos de guerra, ressaltando a necessidade de resgatar a esperança mesmo nas circunstâncias mais desesperadoras. A atuação de Saoirse Ronan certamente consolida sua posição como uma das grandes atrizes de sua geração, pronta para conquistar novos prêmios e reconhecimento no futuro próximo.
★★★★★★★★★★