A combinação de sensibilidade, humor e um toque de nostalgia transforma “Irmãs” em algo que vai além do típico besteirol cinematográfico. A narrativa, centrada na relação entre duas mulheres com personalidades antagônicas, explora não apenas as peculiaridades de um reencontro familiar, mas também a redescoberta do que realmente importa em suas vidas. Sob a direção precisa de Jason Moore, o filme evita atalhos narrativos óbvios, criando um retrato familiar que consegue equilibrar o absurdo e o corriqueiro com uma pitada de magia. Moore utiliza essa dualidade como um atrativo inicial, apostando no reconhecimento imediato de situações que, em maior ou menor grau, fazem parte da experiência coletiva. O roteiro engenhoso de Paula Pell vai além das protagonistas, trazendo à tona um elenco de coadjuvantes que, embora inseridos em tramas secundárias, mantêm relevância e propósito, jamais caindo na gratuidade.
No coração da história estão Maura e Kate Ellis, as irmãs que dão título ao longa. Maura, a mais nova, é uma enfermeira divorciada que dedica sua vida a cuidar da família, mesmo que isso signifique abrir mão de seus próprios sonhos e necessidades. Em contrapartida, Kate, a primogênita, vive de maneira impulsiva e desapegada, confiando em seu carisma e beleza para superar os desafios. Com essas diferenças evidentes, o argumento principal se desenrola quando os pais, interpretados por James Brolin e Dianne Wiest, decidem vender a casa da família em Orlando. Essa decisão desencadeia uma série de eventos que culminam em uma última visita das irmãs à casa de infância, onde precisam recolher seus pertences. O que deveria ser uma despedida melancólica logo se transforma em uma festa épica, destinada a marcar não apenas a memória das protagonistas, mas de toda a vizinhança.
No papel das irmãs, Tina Fey e Amy Poehler, ex-integrantes do “Saturday Night Live”, entregam atuações impecáveis, como era de se esperar. A dinâmica entre as duas atinge seu ápice quando Maura, normalmente contida, decide, sob a influência do espírito livre de Kate, organizar uma festa inesquecível na casa onde cresceram. O evento rapidamente degenera em um caos hilário, com doses excessivas de álcool, tira-gostos improváveis e a presença de figuras do passado, como Brinda, a rival de longa data de Kate, brilhantemente interpretada por Maya Rudolph.
Mais do que uma comédia sobre excessos, “Irmãs” aborda de forma tocante os ciclos da vida e os encerramentos inevitáveis que vêm com eles. O filme convida o espectador a revisitar o próprio passado, reconhecendo que memórias podem ser tanto um alívio quanto um peso, especialmente quando confrontadas de maneira tão visceral. E, embora Poehler e Fey tragam leveza e humor, a narrativa atinge camadas emocionais que ressoam além das risadas, oferecendo uma reflexão sensível sobre família, laços e despedidas que marcam não apenas o espaço físico, mas o emocional.
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