Último dia na Netflix: Denzel Washington de um jeito que você vai querer assistir duas vezes Divulgação / Sony Pictures

Último dia na Netflix: Denzel Washington de um jeito que você vai querer assistir duas vezes

Lançado em 19 de março de 2010, “O Livro de Eli” é uma obra cinematográfica que vai além do entretenimento, conduzindo o espectador a um território de introspecção profunda. Sob a direção dos gêmeos Albert e Allen Hughes, o filme se estabelece como uma joia singular, marcada pelo equilíbrio entre a estética apurada e um roteiro repleto de camadas, concebido pelo talentoso Gary Whitta. A interpretação magnética de Denzel Washington no papel-título eleva a experiência a um patamar raro, tornando impossível não se perder em questionamentos existenciais enquanto a narrativa se desenrola. Para muitos, o impacto do filme é avassalador: um convite silencioso a reavaliar escolhas, recontar histórias e considerar a possibilidade de uma transformação radical.

Eli, o personagem central, é um viajante solitário que percorre os resquícios de uma América devastada, moldada por décadas de conflitos motivados por recursos essenciais como comida e água. O cenário é desolador: uma sociedade fragmentada e incapaz de se reerguer após o colapso de suas bases. Nesse contexto apocalíptico, Eli caminha rumo ao oeste, guiado por uma determinação inabalável e pelo propósito de proteger um objeto que considera sagrado — um livro. Guardado com zelo quase reverencial, esse livro carrega em suas páginas a esperança de um futuro que parece estar sempre à beira do abismo.

A jornada de Eli não é apenas física, mas também espiritual e moral. Ele enfrenta um mundo hostil onde saqueadores e assassinos dominam as estradas, usando motocicletas e armas rudimentares como símbolos de poder. Apesar disso, Eli não cede às adversidades. Empunhando seu facão e contando com habilidades impressionantes em combate, ele se revela um guerreiro relutante, mas eficaz. Suas batalhas, que alternam entre brutais e coreografadas com precisão, conferem ao filme uma energia visceral, equilibrando momentos de ação intensa com reflexões mais profundas.

O antagonista de Eli é Carnegie, um líder astuto e impiedoso interpretado com maestria por Gary Oldman. Carnegie é o contraponto perfeito ao protagonista: onde Eli busca preservar e restaurar, Carnegie deseja controlar e corromper. Entre os dois, emerge Solara, vivida por Mila Kunis, cuja ingenuidade e desejo de mudança contrastam com a dureza do ambiente em que cresceu. Embora sua mãe, Claudia (Jennifer Beals), tenha um papel mais apagado, Solara é uma força que impulsiona a narrativa, representando a centelha de humanidade ainda presente nesse mundo sombrio.

A estética visual do filme é um espetáculo à parte. A fotografia de Don Burgess abusa de tons sépia, criando um ambiente desolado, mas poeticamente rico, que remete inevitavelmente à franquia “Mad Max”. Ainda assim, Albert e Allen Hughes conseguem imprimir uma assinatura própria, evitando a mera imitação e optando por um lirismo mais introspectivo. A paleta de cores, que mescla castanhos e cinzas, não apenas reforça o tom distópico da narrativa, mas também reflete a complexidade emocional de seus personagens.

À medida que a trama avança, torna-se claro que “O Livro de Eli” não é apenas mais uma história de sobrevivência em um mundo pós-apocalíptico. Trata-se de uma alegoria elaborada sobre fé, resiliência e o papel do indivíduo na reconstrução de uma sociedade destruída. A simbologia do livro como uma fonte de esperança e sabedoria transcende seu contexto, tornando-se uma metáfora para o

Filme: O Livro de Eli
Diretor: Albert e Allen Hughes
Ano: 2010
Gênero: Ação/Aventura
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★