Se arrumar um amor para a vida inteira está cada vez mais difícil, é melhor deixar de lado aquelas estratégias mirabolantes e ir com calma, sem nenhuma grande pretensão. O amor, como se sabe, não obedece a regras e, por evidente, há a chance de uma brincadeira tola seguir para o altar. Essa é a premissa em torno da qual “Amor com Data Marcada”, uma comédia romântica formulaica e previsível como poucas num gênero conhecido pela sobreposição de lugares-comuns, se move. Curiosamente, o filme de John Whitesell conta com uma protagonista cujo sobrenome virou uma marca na história das romcons, e nem isso é capaz de o socorrer. Muito diferente do que oferece o desempenho de Julia Roberts em “Um Lugar Chamado Notting Hill” (1999), de Roger Michell (1956-2021), ou “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997), de P. J. Hogan, a sobrinha da eterna Vivian Ward fica devendo em quase tudo. Mas a culpa não é só dela.
Uma das características que definem os clássicos é tirar os véus que escondem as semelhanças entre os personagens e o espectador, e por extensão entre eles e o restante da humanidade. Ninguém esperava que Whitesell repetisse o sucesso de Michell, Hogan ou Garry Marshall (1934-2016) em “Uma Linda Mulher” (1990), no qual a encantadora prostituta vivida por Roberts inscreve seu nome na história da cultura pop, mas a pobreza semântica de “Amor com Data Marcada” chega a assustar.
Aos trinta e poucos, Sloane Benson continua solteira, o que inspira a preocupação da mãe, Elaine, que recebe a família para a ceia de Natal. Estão todos acompanhados de seus respectivos cônjuges, e a festa correria como ouro sobre azul, não fosse a insistência de Elaine em querer saber da vida sexual da filha, um recurso a que o texto de Tiffany Paulsen se apega como um náufrago na tormenta. Numa outra ponta da história, Jackson, um jogador de golfe, mete-se nas maiores enrascadas por não conseguir aguentar a solidão nos dias festivos, o que o leva a aceitar convites para ceias na casa das garotas que acaba de conhecer, despertando algumas expectativas equivocadas e sendo obrigado a usar ridículos suéteres temáticos.
Presentes indesejados, uma situação de fato bastante corriqueira depois que as luzes se apagam, a noite esfria e o povo some, unem Sloane e Jackson na fila de uma loja de departamentos, e a partir de então “Amor com Data Marcada” fica mais cansativo a cada take, muito por causa da “necessidade” de mencionar um por um os feriados em que os tipos estranhos incorporados por Emma Roberts e Luke Bracey decidem passar juntos, do óbvio Natal ao Dia de Ação de Graças do ano seguinte, passando pelos dias de São Patrício e o Cinco de Mayo (!). A química entre Roberts e Bracey, inicialmente à prova de tédio, perde-se em meio a tanto lero-lero e a tantos coadjuvantes sem função alguma na narrativa, caso da onipresente Kristin Chenoweth como Susan, a tia ninfomaníaca de Sloane. Por falar nisso, sim, Emma é sobrinha de Julia.
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