Lindsay Lohan, ícone juvenil dos anos 2000 e estrela de “Meninas Malvadas” (2004), dirigido por Mark Waters, parece ter ressurgido das cinzas, agarrando-se ao zeitgeist dos remakes que inundam a produção audiovisual contemporânea. Sua volta ao holofote, conduzida por Samantha Jayne e Arturo Perez Jr. em 2024, projeta um esforço de reposicionamento, disputando espaço com nomes como Christina Milian e Lacey Chabert, na corrida pelo título de “rainha do Natal cinematográfico”. No entanto, em “Nosso Segredinho”, sua mais recente incursão no gênero, dirigida por Stephen Herek, o resultado não alcança o brilho desejado.
Na trama, Lohan encarna uma mulher marcada pela ausência da mãe, morta durante sua infância. Ao longo da narrativa, ela repete escolhas equivocadas, como trocar um amor sincero de infância por um milionário arrogante com uma família disfuncional. Apesar da aparente promessa de emoção, o enredo, combinado com uma atuação superficial e previsível, resulta em algo que mal se distingue das inúmeras produções natalinas genéricas. Nem mesmo os retoques estéticos milionários parecem resgatar a autenticidade que um dia caracterizou a atriz.
O Natal, por si só, sempre foi palco de narrativas intensas, misturando celebração e tragédia, como se o período evocasse tanto os encantos quanto os dissabores da existência humana. Exemplos memoráveis permeiam a história do cinema: de “Se Meu Apartamento Falasse” (1960), obra-prima de Billy Wilder, à comédia familiar “Esqueceram de Mim” (1990), de Chris Columbus. Filmes como “O Grinch” (2000), de Ron Howard, e “O Estranho Mundo de Jack” (1993), de Tim Burton e Henry Selick, provam que há espaço para inovação mesmo dentro de temáticas festivas. Contudo, “Nosso Segredinho” não compartilha dessa linhagem. Ao contrário, o filme se afoga em clichês e falha em deixar qualquer marca duradoura.
O roteiro, assinado por Hailey DeDominicis, recicla sem criatividade elementos de produções igualmente dispensáveis, como “Pedido Irlandês” (2024), de Janeen Damian, que por sua vez já parecia um reflexo esmaecido de “Uma Quedinha de Natal” (2022), da mesma diretora. Aqui, tudo soa repetitivo, como se a fórmula fosse reempacotada sem o menor esforço de renovação. Lohan, infelizmente, permanece artisticamente estagnada, presa à sombra da adolescente que brilhou em “Meninas Malvadas”. Em “Nosso Segredinho”, o que deveria ser um presente natalino se revela um embrulho oco, desprovido de alma ou originalidade.
O cinema natalino sempre carregou o potencial de entreter e emocionar, muitas vezes entregando histórias que transcendem o óbvio. No entanto, esta produção específica, repleta de lugares-comuns e decisões estéticas equivocadas, apenas reforça a sensação de que Lohan, e talvez o próprio subgênero, ainda têm um longo caminho a percorrer para recapturar a magia perdida.
★★★★★★★★★★