A maior descarga de adrenalina da sua vida: o filme mais selvagem e brutal da Netflix vai testar seus nervos Eriekn Juragan / Netflix

A maior descarga de adrenalina da sua vida: o filme mais selvagem e brutal da Netflix vai testar seus nervos

Para os amantes de histórias eletrizantes, repletas de violência visceral e acertos de contas entre figuras ambíguas, “A Noite nos Persegue” (2018) é um verdadeiro deleite. Ambientado em Jacarta, o filme dirigido por Timo Tjahjanto entrega uma experiência extrema, onde cada cena é uma celebração da brutalidade coreografada com precisão. O diretor indonésio constrói um espetáculo de sangue e aço, desafiando os limites do gênero de ação com sequências que transcendem o convencional, transformando a violência em uma forma de arte.

Tjahjanto domina o ritmo, compreendendo que um filme de ação, por mais caótico que seja, necessita de um fio condutor emocional. Em meio ao banho de sangue e à adrenalina, encontramos a jornada de Ito, interpretado por Joe Taslim, um ex-membro da Tríade que vê sua lealdade se fragmentar após poupar Reina, uma jovem sobrevivente de um massacre orquestrado pela máfia chinesa. A decisão impulsiva de poupar a vida dela desencadeia uma perseguição implacável, onde cada passo dado pelo protagonista o aproxima de um abismo moral, enquanto tenta proteger a garota e confrontar seus próprios demônios.

Ito não é apenas um criminoso cansado da violência; ele é um homem preso entre o desejo de redenção e a inescapável realidade de seu passado. Suas escolhas colocam em risco todos ao seu redor, desde antigos aliados, como Fatih e White Boy Bobby, interpretados por Abimana Aryasatya e Zack Lee, até sua ex-namorada, Shinta (Salvita Decorte), que ainda guarda mágoas não resolvidas. Entretanto, essa busca por uma nova vida vem a um custo elevado. Não há dinheiro, paz ou refúgio, apenas a necessidade de lutar para sobreviver.

O antagonismo que move a narrativa é reforçado pela figura de Arian, vivido por Iko Uwais, outrora o melhor amigo de Ito, agora transformado em inimigo letal a serviço da Tríade. Arian não está satisfeito com sua missão, mas entende que falhar significa enfrentar a mesma condenação que Ito. Esse confronto iminente entre os dois antigos aliados dá ao filme um núcleo emocional forte, que equilibra as sequências de ação desenfreada com dilemas humanos. Cada cena de luta é mais que uma demonstração de força; é uma batalha pela alma de Ito, colocando em xeque sua tentativa de fuga do passado sombrio.

A violência em “A Noite nos Persegue” é quase hipnotizante. A coreografia de artes marciais de Iko Uwais e a direção detalhada de Tjahjanto transformam cada confronto em uma obra de intensidade visual. Sangue, vísceras e ossos quebrados são apresentados de forma tão gráfica que beiram o surreal, mas mantêm o público imerso. O resultado é um espetáculo que evoca a sensação de estar dentro de um videogame hiper-realista, onde não há espaço para hesitação, apenas para sobreviver ou morrer tentando.

O filme se destaca por reverter clichês, especialmente com as personagens Elena e Alma, vividas por Hannah Al Rashid e Dian Sastrowardoyo. Como um casal homoafetivo, elas desafiam estereótipos frequentemente associados a mulheres asiáticas em filmes de ação, trazendo força, autonomia e complexidade. Sua luta brutal contra a Operadora, interpretada por Julie Estelle, é um dos momentos mais memoráveis, intensificando a narrativa com um confronto que vai além da simples sobrevivência, revelando camadas de rivalidade e resiliência.

A cinematografia de Ace Gunnar Nimpuno amplia a brutalidade com enquadramentos precisos, mesmo em espaços limitados. Os ângulos abertos contrastam com a claustrofobia de elevadores e corredores estreitos, proporcionando uma sensação de urgência constante. A câmera posicionada estrategicamente nas costas dos personagens amplifica a imersão, colocando o espectador no centro da ação, como se fosse uma testemunha direta dos eventos.

A trilha sonora de Fajar Yuskemal e Aria Prayogi complementa perfeitamente o caos visual, usando sintetizadores distorcidos que evocam tensão e desespero. Esse som constante guia a audiência, mantendo o foco no protagonista e intensificando o peso emocional das suas decisões. Ito não é um herói convencional; é um homem marcado pelo sangue, tanto de seus inimigos quanto de suas próprias falhas, buscando uma redenção que talvez nunca alcance.

Em “A Noite nos Persegue”, Timo Tjahjanto entrega uma experiência que transcende o mero entretenimento. O filme é uma reflexão brutal sobre violência, amizade e escolhas. Mais do que um simples festival de sangue, é uma jornada que expõe a fragilidade humana diante de uma existência marcada pelo crime, oferecendo ao público uma experiência visceral e inesquecível.

Filme: A Noite Nos Persegue
Diretor: Timo Tjahjanto
Ano: 2018
Gênero: Ação/Suspense
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★