Em 2018, Brad Anderson, diretor renomado por seu trabalho em “O Operário”, trouxe ao público “Beirute”, um thriller político estrelado por Jon Hamm e Rosamund Pike. Embora o filme tenha sido rodado no Marrocos, sua narrativa se desenrola na capital libanesa, em meio ao caos da guerra civil de 1982. Esse pano de fundo conflituoso serve como cenário para uma intrincada trama de sequestro, diplomacia e conflitos pessoais.
Mason Skiles (Jon Hamm), um ex-diplomata dos EUA, é inesperadamente convocado para mediar a libertação de Cal (Mark Pellegrino), seu antigo amigo e colega de trabalho, capturado por um grupo de militantes muçulmanos. Anos antes, Skiles representava o governo americano no Líbano, até que uma tragédia o afastou dessa carreira: sua esposa foi assassinada durante uma recepção diplomática, um evento que deixou marcas profundas tanto em sua vida pessoal quanto profissional.
A conexão entre o sequestro de Cal e o passado de Skiles é Karim (Idir Chender), irmão de Raffik (Mohamed Attougui), um terrorista infame que, na infância, foi acolhido por Skiles e sua esposa. Karim usa o sequestro como uma última tentativa de negociar a libertação de Raffik, preso pelo exército israelense. Diante dessa teia de motivações políticas e pessoais, Skiles se vê forçado a enfrentar suas lembranças mais dolorosas enquanto lida com uma missão diplomática carregada de tensão e perigo.
Ao retornar ao Líbano, Skiles encontra uma cidade irreconhecível, dilacerada pela guerra. O contraste entre o passado e o presente é esmagador: a Beirute que um dia foi sinônimo de alegria agora está reduzida a escombros e desolação. A antiga mansão onde viveu com sua esposa é apenas uma sombra de sua antiga glória, um símbolo palpável da destruição que atingiu tanto a cidade quanto sua vida. Desde a perda da esposa, Skiles abandonou a diplomacia, abriu um pequeno negócio e se afundou no alcoolismo, afastando-se de todos ao seu redor. Entretanto, a crise atual o força a ressurgir e revisitar as habilidades que um dia o definiram.
Apesar de seu comportamento errático e de causar desconforto nos agentes da CIA que o cercam, Skiles logo demonstra ser um negociador brilhante, com uma perspicácia afiada e uma capacidade única de antecipar os movimentos de seus oponentes. Sua trajetória de recuperação em meio ao caos não é apenas sobre salvar Cal, mas também sobre redescobrir sua própria força.
“Beirute” impacta não pelas cenas de ação exageradas, mas pela complexidade estratégica de suas negociações. Skiles não é um herói de ação, mas um mestre da diplomacia em um enredo que explora as nuances da política internacional e as cicatrizes emocionais de seus personagens. O filme conduz o espectador por uma montanha-russa emocional, desafiando conceitos de heroísmo e resiliência ao mesmo tempo em que mergulha na brutalidade do conflito e na complexidade das relações humanas.
★★★★★★★★★★