Se tem algo certo que se pode dizer sobre o brasileiro é que ele adora piadas de quinta série. Para quem não sabe, piadas de quinta série são aqueles trocadilhos bem idiotas, normalmente de cunho sexual, que as pessoas contavam quando estavam cursando a quinta série. O problema é que, depois que o brasileiro vira adulto, ele esquece tudo que aprendeu na quinta série, mas as piadas ficam. E ele faz questão de repeti-las pelo resto da vida.
Em que país do mundo, em todos os natais, todos os anos, ninguém cansa de fazer piadas com o peru assado? Ou em que se espera ansiosamente por qualquer notícia que venha do Equador, só para encaixar a piada de que “no Equador é mais forte”? Ou que se pergunta: “Você pinta como eu pinto?” ou “Será que dá para vinte comer hoje?”
Em que país do mundo as pessoas mandam mensagens durante programas de TV dizendo que quem a enviou foi a Paula Tejando ou o Tomas Turbando? E para quê? Só para ouvir um apresentador de TV falando esses trocadilhos sem perceber!
Nunca se escutou qualquer piada desse tipo na Dinamarca. Lá, talvez até exista uma lei contra essas brincadeiras. Na Alemanha, deve até ser proibido fazer trocadilhos sexuais, se é que isso é possível com a quantidade de consoantes que as palavras alemãs têm. Na Suécia, ninguém deve nem entender essas piadas — ou talvez qualquer outro tipo de piada. Só no Brasil as piadas de quinta série vivem soltas, sendo contadas o tempo todo e, pior, repetidamente. Não importa se a piada já rolou antes, às vezes centenas ou milhares de vezes.
Os trocadilhos no Brasil são como o vinho: quanto mais velhos, melhor! Algumas piadas devem até ser envelhecidas em barris de carvalho. De carvalho? Opa!
Pois eu sou brasileiro e confesso que também gosto dessas brincadeiras. Acho tudo isso muito divertido. Não só eu! Eu, o Eulavo Pinto, a Emma Conheira, a Eva Gina, o Thiago Zado, o Valentim Terra, o famoso Dr. Botelho Pinto, o eminente cientista Jalim Rabei, além do respeitado professor Jacinto Leite Aquino no Rego. Res-peitado? Opa!