As festas de fim de ano continuam sendo um divisor de águas entre os que as veneram e os que as repudiam. Para muitos, após superarem os desafios do longo primeiro semestre, cada instante que os aproxima dessa época é ansiosamente aguardado, como o prelúdio de um momento mágico e insubstituível. Para outros, porém, esse período representa um turbilhão caótico: lojas abarrotadas, presentes inadequados, promessas vazias embaladas em valsas artificiais, e a melancolia de saber que tudo isso acontece dentro de um intervalo rigorosamente limitado.
O filme “No Ritmo do Natal”, dirigido por Peter Sullivan, aposta na premissa de que as relações humanas conseguem superar profundas diferenças culturais e resistem às adversidades que carregamos conosco, independentemente de onde estivermos. A obra, uma comédia romântica típica da temporada natalina, busca capturar o encantamento que envolve esse período — aquele momento em que até os mais céticos podem ser tocados pela mágica invisível do Natal, desde os primeiros raios de sol até a manhã mais aguardada do ano, seja ela iluminada por um céu claro ou coberta pela neve.
Sullivan, ao lado dos corroteiristas Jeffrey Schenck e Marla Sokoloff, explora clichês natalinos, mas também se arrisca com toques inusitados, como uma solução excêntrica para salvar um negócio familiar, introduzindo cenas que transitam entre o tradicional e o inesperado. É um lembrete de que o Natal, com suas luzes coloridas e sua atmosfera encantadora, é sempre uma oportunidade de recomeçar, apesar de todo o caos aparente.
Por outro lado, o filme não foge à reflexão mais amarga que o fim do ano inspira: ao mesmo tempo que nos convida a abrir o coração, também nos confronta com nossas solidões e arrependimentos. É um convite para abandonar velhos padrões, repensar emoções estagnadas e buscar aquilo que realmente importa.
A protagonista Ashley, interpretada por Britt Robertson, é uma ex-dançarina determinada a salvar o salão de espetáculos dos pais. Com uma abordagem inusitada, ela organiza um espetáculo exclusivamente masculino, mostrando que a criatividade pode florescer mesmo em tempos difíceis. Ainda que a química entre Robertson e Chad Michael Murray seja um ponto positivo, “No Ritmo do Natal” não atinge o brilho esperado de um filme clássico do gênero. O destaque vai para Chuck Spitler, cuja interpretação do Papai Noel acrescenta uma dose genuína de espírito natalino.
Embora não seja uma obra-prima, o filme reforça a dualidade do Natal — um misto de caos e esperança — e a ideia de que, no fim das contas, é um tempo de olhar para dentro e, quem sabe, transformar nossas vidas.
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