O diretor Francis Ford Coppola aposta em uma superprodução inovadora com “Megalópolis”, uma fábula sobre tempo e poder que traça um paralelo entre os Estados Unidos e o antigo Império Romano. Neste novo projeto, Coppola se arrisca ao apresentar um filme ambicioso e experimental, rompendo com os moldes tradicionais de Hollywood.
A história segue César (Adam Driver), um visionário que deseja transformar “Megalópolis” em uma cidade moderna, reconstruindo as estruturas sociais e políticas convencionais. Para realizar seu sonho utópico, César enfrenta a resistência do prefeito Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito), um conservador inflexível que busca proteger a ordem estabelecida.
Ao mesmo tempo, César vive o luto pela perda de sua esposa, mas encontra renovação ao conhecer Julia Cicero (Nathalie Emmanuel), a filha do prefeito. O relacionamento entre os dois floresce, apesar das barreiras políticas e emocionais, mas o verdadeiro antagonista da trama é o tempo, uma força que ambos podem manipular, mas nunca controlar totalmente.
Dotados do poder de parar o tempo e vislumbrar o futuro, César e Julia vivem uma relação permeada por incertezas e angústias, como se cada momento fosse precário e efêmero. Quando Julia descobre que está grávida, os dois precisam enfrentar as consequências de suas escolhas e decidir como proteger o futuro, apesar dos desafios impostos pelo destino.
Em um longa repleto de personagens, efeitos visuais deslumbrantes e camadas narrativas densas, Coppola explora os sentimentos mais viscerais do ser humano: ganância, inveja, amor e prazer. Sua estética grandiosa e deliberadamente exagerada constrói um espetáculo que referencia obras clássicas, sem renunciar a sua identidade autoral. Comparado a “O Poderoso Chefão” (1972) ou “Apocalypse Now” (1979), Coppola aqui abandona a contenção narrativa que marcava seus maiores sucessos e opta por uma abordagem modernista, repleta de experimentações visuais e narrativas.
Ainda assim, nem todas as escolhas se mostram bem-sucedidas. Enquanto a direção de arte, a trilha sonora e o elenco impressionam, o excesso de informações visuais e simbólicas pode diluir o impacto emocional desejado, tornando difícil a conexão mais profunda com a história. Embora “Megalópolis” seja um projeto tecnicamente admirável, falta-lhe a consistência e a precisão que tornaram os clássicos de Coppola eternos.
Apesar de suas imperfeições, “Megalópolis” é uma obra que desafia o público e se destaca como um blockbuster ousado e único, algo raro em tempos de produções cada vez mais homogêneas. Para os fãs de Coppola, é uma prova de que, mesmo após décadas, o diretor ainda é capaz de surpreender e provocar reflexões.
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