3,5 bilhões nos cinemas e um reinado de 317 dias no top 10 da Netflix: o filme que o mundo não para de ver David James / Paramount Pictures

3,5 bilhões nos cinemas e um reinado de 317 dias no top 10 da Netflix: o filme que o mundo não para de ver

O sétimo capítulo da icônica franquia dirigida por Christopher McQuarrie é um verdadeiro turbilhão de emoções. Entre cenas eletrizantes de perseguição e diálogos repletos de humor afiado, o filme se destaca por explorar as nuances de relações humanas nunca plenamente realizadas. A química entre os personagens principais é palpável, marcada por uma tensão constante entre atração e incompatibilidade, como se fossem reflexos distorcidos de um mesmo prisma, condenados a orbitar em planos diferentes.

Desde sua origem como uma série televisiva criada por Bruce Geller (1930-1978) e exibida pela CBS entre 1966 e 1973, “Missão: Impossível” sempre encontrou formas de se reinventar. Agora, a franquia dá indícios de que pode sobreviver à aposentadoria inevitável de Ethan Hunt. As especulações já apontam Glen Powell, um nome em ascensão após seu desempenho em “Top Gun: Maverick” (2022), como possível herdeiro do legado. O potencial para essa transição parece promissor, mais um exemplo do planejamento minucioso que mantém a saga relevante e empolgante.

O possível fim da jornada de Tom Cruise como Ethan Hunt marca uma era. Sua presença marcante moldou a franquia desde o filme inaugural de 1996, dirigido por Brian De Palma. Em “Dead Reckoning Part One”, o roteiro assinado por McQuarrie e Erik Jendresen desafia o protagonista com dilemas existenciais. Enfrentando as marcas do tempo, Hunt surge mais humano do que nunca, questionando o peso de sua missão interminável. Essa abordagem reflexiva resgata elementos do primeiro filme, evocando a juventude ousada de Hunt e contrapondo-a à sua maturidade atual, onde cada decisão carrega um peso monumental.

O retorno de Eugene Kittridge, interpretado por Henry Czerny, acrescenta camadas de tensão ao enredo. Kittridge, um símbolo do pragmatismo brutal do sistema, traz à tona verdades incômodas sobre o lugar de Hunt em um mundo cada vez mais cínico. Em uma das cenas mais intensas do filme, o protagonista descobre que sua missão envolve a busca por um dispositivo de inteligência artificial capaz de desencadear consequências catastróficas. Dividido em duas partes, esse artefato se torna o pivô de uma trama que explora o conflito entre controle e caos.

Ao lado de sua equipe fiel, composta por Benji Dunn (Simon Pegg) e Luther Stickell (Ving Rhames), Hunt enfrenta desafios que testam tanto suas habilidades quanto sua resiliência emocional. Novas adições ao elenco, como a misteriosa Grace (Hayley Atwell), adicionam frescor à narrativa, enquanto personagens já conhecidos, como Alanna Mitsopolis (Vanessa Kirby) e Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), continuam a intrigar com suas motivações ambíguas. Esses relacionamentos complexos mantêm o público em constante estado de alerta, equilibrando adrenalina e introspecção.

A produção é um espetáculo de proporções globais, levando o público a uma jornada visualmente deslumbrante através de cenários que vão do Oriente Médio à Europa. Mesmo com quase três horas de duração, o filme sustenta um ritmo envolvente, oferecendo momentos de puro deleite cinematográfico. O encerramento deixa uma sensação de expectativa febril pelo próximo capítulo, prometido para maio de 2025. Será este o último adeus de Tom Cruise à saga? Só o tempo dirá, mas até lá, “Dead Reckoning Part One” assegura seu lugar como um marco na história da franquia, entregando emoção, suspense e um toque de melancolia que ressoa muito além da tela.

Filme: Mission: Impossible — Dead Reckoning Part One
Diretor: Christopher McQuarrie
Ano: 2023
Gênero: Ação/Thriller
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★