Ação, risadas e 1 bilhão nas bilheterias: o blockbuster da Netflix para desligar o cérebro e se divertir Frank Masi / Paramount Pictures

Ação, risadas e 1 bilhão nas bilheterias: o blockbuster da Netflix para desligar o cérebro e se divertir

O filme “Baywatch: S.O.S. Malibu” carrega uma ambiguidade curiosa: não traz nada de particularmente inovador, mas cativa, diverte e até emociona em momentos pontuais. Essa mistura de simplicidade e carisma parece garantir que, com o passar do tempo, a produção venha a se firmar como um clássico contemporâneo, muito semelhante ao seriado televisivo que a inspira. Criada por Michael Berk, Douglas Schwartz e Gregory J. Bonann, a série original “S.O.S. Malibu” (1989-2001) se tornou um fenômeno global ao longo de suas onze temporadas. Tanto pelo sucesso comercial quanto pelo status de culto adquirido posteriormente, a obra original é uma referência evidente para Seth Gordon. O diretor, apoiado por uma equipe robusta de roteiristas, transporta a essência das praias de Malibu para um cenário adaptado: as costas da Flórida e da Geórgia, apresentadas aqui como a fictícia Emerald Bay. Apesar da licença poética geográfica, perceptível apenas a olhos mais atentos, o resultado final supera a expectativa de um simples remake.

Com uma fotografia cuidadosa assinada por Eric Steelberg, o longa oferece um contraste visual marcante desde os primeiros minutos. O tom sereno e dourado de uma cena ao anoitecer é abruptamente substituído pela ação frenética que domina a sequência seguinte. Mitch Buchannon, interpretado com segurança por Dwayne “The Rock” Johnson, demonstra sua habilidade ao salvar um kitesurfista imprudente das garras do oceano turbulento. Esse momento inicial não só introduz a ação, mas reafirma o protagonista como uma figura quase mítica da costa oeste americana. Mitch é mais do que um salva-vidas; é um ícone local, cuja reputação se sustenta em sua dedicação inabalável à segurança alheia, ecoando a imagem de David Hasselhoff na série original.

Gordon alterna habilmente entre cenas do cotidiano da praia e subtramas de maior complexidade, criando uma narrativa equilibrada. A inclusão de novos personagens adiciona frescor à trama. Ronnie (Jon Bass) traz humor com sua jornada de um nerd de startups para aspirante a salva-vidas. Matt Brody (Zac Efron), um ex-campeão olímpico, contribui com sua arrogância inicial que aos poucos dá lugar à redenção. Summer (Alexandra Daddario), com seus olhos hipnotizantes, torna-se uma figura de força e graça. O trio é supervisionado por Mitch e por duas salva-vidas veteranas: Stephanie Holden (Ilfenesh Hadera) e CJ Parker (Kelly Rohrbach), que presta um tributo visual e performático à icônica Pamela Anderson, com direito às famosas corridas em câmera lenta, aqui tratadas com uma pitada de humor autorreferencial.

A trama principal é impulsionada por um assassinato que leva os protagonistas a investigarem um esquema de tráfico de drogas envolvendo flakka, uma substância sintética devastadora. Entre cenas que oscilam entre o grotesco e o cômico — como uma visita ao necrotério recheada de piadas escatológicas — e momentos de ação bem coreografados, o filme conduz os espectadores a um baile de gala a bordo de um iate luxuoso. Brody, em um ato de coragem, arrisca-se para desmascarar os criminosos.

Priyanka Chopra Jonas brilha no papel de Victoria Leeds, a vilã sofisticada e implacável que mantém o ritmo do filme em alta tensão. Em paralelo, Yahya Abdul-Mateen II protagoniza uma cena cômica memorável em uma luta no quarto infantil mais improvável. Essas situações absurdas fazem um elo direto com o tom irreverente da série original, mas também modernizam a narrativa para o público atual.

O filme encerra sua trama com homenagens bem orquestradas ao legado da série. Pamela Anderson surge com elegância, enquanto a sequência pós-créditos traz David Hasselhoff em uma interação nostálgica com The Rock, revivendo a simplicidade de uma época em que salva-vidas na televisão eram ícones culturais singelos.

Ao unir elementos da tradição com uma abordagem atual, “Baywatch: S.O.S. Malibu” transcende as expectativas de um remake comum, equilibrando humor, ação e nostalgia em um produto que, embora imperfeito, é irresistivelmente envolvente.

Filme: Baywatch: S.O.S. Malibu
Diretor: Seth Gordon
Ano: 2017
Gênero: Ação/Comédia
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★