“Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City” não deixa a desejar para aqueles que exigem o pânico da série de jogos. Uma das marcas da franquia sempre foi dar o máximo destaque às pestes misteriosas, criaturas demoníacas e heróis atormentados que tentam sobreviver depois de um apocalipse bastante pitoresco, ao longo do qual uma megacorporação movimenta todos os meses bilhões de dólares em atividades voltadas à tecnologia militar, experiências genéticas e produção de armas virais.
Neste sétimo filme, Johannes Roberts dá uma guinada na sofisticação narrativa de Paul W.S. Anderson e prefere voltar às raízes, apostando no marco mais óbvio do lendário videogame criado pela japonesa Capcom em meados dos anos 1990: uma garota frágil, mas aguerrida, desafiada a superar uma contingência infeliz com o propósito de derrotar um inimigo que jamais se deixa ver e agora detém o poder sobre tudo quanto teima em existir. Contudo, o modo preciosista como o diretor conduz a história faz do enredo apenas uma extensão menos criativa e muito menos atraente da brincadeira eletrônica.
Chris Redfield e a irmã, Claire, eram internos do orfanato de Raccoon City, administrado por William Birkin, o vilão caricato de Neal McDonough. Agora, ela volta para a Cidade do Guaxinim, sua combalida terra natal, de carona com um caminhoneiro, justo no dia em que a Umbrella Corporation promove um de seus show de horrores, e antes que ela também possa presenciar esse espetáculo monstruoso, um acontecimento nefasto durante a viagem presta-se a um mau agouro de como será sua estada. Ainda neste segmento, o diretor-roteirista coloca em cena um cachorro e só isso já é o bastante para aquecer a memória afetiva de quem não dispensa uma partida.
Ainda nesse terreno, personagens secundários a exemplo de Albert Wesker e Leon S. Kennedy, com Tom Hopper e Avan Jogia, garantem que os já iniciados familiarizem-se um pouco mais, enquanto Robbie Amell e Kaya Scodelario esmeram-se para tornar o longa convidativo aos demais. Scodelario parece entender as angústias existenciais da anti-heroína, mas a performance da nova musa fica a léguas do entusiasmo jovial e metódico de Milla Jovovich, corroborando a sensação de que se você não tem habilidades com console, pode procurar uma outra diversão.
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