McG é um nome conhecido em Hollywood, acumulando funções como produtor, diretor e até compositor de trilhas sonoras. Embora seu currículo não esteja repleto de obras-primas aclamadas pela crítica ou premiadas em grandes festivais, ele possui um talento inegável para criar sucessos de bilheteria. Seus filmes altamente comerciais dificilmente se tornarão clássicos do cinema, mas isso não é um problema. Afinal, uma das funções essenciais do cinema é entreter, e McG cumpre esse papel com maestria.
É nesse contexto que se insere “A Babá: A Rainha da Morte”, a sequência do irreverente terror cômico “A Babá”. A trama acompanha o adolescente Cole Johnson (Judah Lewis), dois anos após os eventos traumáticos do primeiro filme. Naquela noite fatídica, ele descobriu que sua babá Bee (Samara Weaving) e seu grupo de amigos faziam parte de um culto satânico, resultando em uma sucessão de mortes grotescas que ainda o assombram. Cole vive sob o peso dessas memórias, sofrendo pesadelos recorrentes e enfrentando descrédito por parte de seus colegas e até de seus próprios pais.
Abalado emocionalmente e isolado socialmente, Cole encontra algum conforto na amizade com Melanie (Emily Alyn Lind), a única pessoa que parece se importar com ele. Na tentativa de distraí-lo, ela o convida para um fim de semana no lago com outros amigos. Relutante, Cole aceita, mas logo percebe que está prestes a reviver seus piores pesadelos. Melanie se revela uma integrante do mesmo culto satânico, agora disposta a sacrificá-lo para alcançar a imortalidade.
Para completar o cenário de horror, os antigos membros do culto — Max (Robbie Amell), Allison (Bella Thorne), John (Andrew Bachelor) e Sonya (Hana Mae Lee) — retornam dos mortos para ajudar Melanie em sua missão. No entanto, a chegada inesperada de Phoebe (Jenna Ortega), uma aluna nova e misteriosa, muda o rumo da história. Ela une forças com Cole em uma tentativa desesperada de escapar, enquanto os dois desenvolvem um romance em meio ao caos.
O filme abraça completamente seu tom exagerado, apresentando sequências de ação grotescas, repletas de sangue, violência gráfica e humor seco. As cenas são estilizadas e remetem a uma mistura entre “Scott Pilgrim Contra o Mundo” e um slasher sombrio, com estética vibrante e ritmo frenético. McG utiliza referências à cultura pop de maneira inteligente, inserindo citações a clássicos como “Star Wars”, “Matrix”, “O Exterminador do Futuro” e até “Amargo Pesadelo”, criando um diálogo metalinguístico que agrada aos fãs mais atentos.
A inclusão de Phoebe adiciona uma nova dinâmica à trama. Sua presença não apenas oferece um contraste à fragilidade de Cole, mas também traz uma camada emocional ao filme, equilibrando o tom cômico com momentos de cumplicidade e superação. Além disso, a química entre os dois protagonistas contribui para manter o espectador engajado, mesmo quando o enredo se torna absurdamente caótico.
Embora o longa seja divertido e estilisticamente consistente, ele não escapa de críticas. A ausência significativa de Bee, personagem central no primeiro filme, é sentida, apesar de sua relevância ser explicada no desfecho. Além disso, alguns espectadores podem considerar que a repetição de fórmulas e o foco no exagero acabam diluindo o frescor apresentado no original.
“A Babá: A Rainha da Morte” não é para os fracos de coração ou para quem busca algo convencional. Trata-se de um filme que celebra o absurdo e o grotesco, entregando uma experiência despretensiosa, hilária e absurdamente sangrenta. É uma sequência que mantém o espírito anárquico do primeiro filme, ao mesmo tempo em que leva tudo ao extremo — para o bem ou para o mal.
★★★★★★★★★★