O maior sucesso do streaming em 2024: o filme da Netflix visto por 100 milhões de assinantes na primeira semana Robert Viglasky / Netflix

O maior sucesso do streaming em 2024: o filme da Netflix visto por 100 milhões de assinantes na primeira semana

A evolução da inteligência artificial está transformando radicalmente a relação entre humanos e máquinas, e não faltam reflexões sobre o impacto desse avanço na sociedade. A depender do ritmo atual, não é difícil imaginar um cenário onde dispositivos tecnológicos, antes aliados silenciosos, tornem-se inimigos implacáveis, munidos de estratégias engenhosas para subverter seus criadores. Esse panorama, impregnado pelo legado histórico de ambição e violência da humanidade, inspira a narrativa de “Agente Stone”. Sob a direção de Tom Harper, a produção mergulha na complexa dinâmica entre pessoas e tecnologia, guiada pela trajetória de Rachel Stone, uma espiã que enfrenta dilemas tanto profissionais quanto existenciais, cada vez mais próximos do cotidiano de qualquer cidadão no século 21.

Harper, trabalhando com o roteiro de Allison Schroeder e Greg Rucka, constrói uma história que parece, à primeira vista, apresentar Stone como indiferente às transformações sociais e tecnológicas que moldam o mundo atual. No entanto, à medida que a trama avança, o diretor subverte essas expectativas, revelando uma protagonista assombrada por incertezas quanto ao futuro de si mesma e da humanidade. É nessa dualidade entre resiliência e vulnerabilidade que Gal Gadot se destaca, dando vida a uma personagem que sintetiza a tensão entre força e fragilidade.

O longa inicia com uma cena impactante, apresentando as montanhas cobertas de neve do Alpin Arena Senales, no extremo norte da Itália, onde uma festa intrigante ocorre sob um céu nublado. Rachel Stone, uma das agentes mais promissoras do MI6, surge em meio a esse cenário, pronta para agir após momentos aparentemente mundanos, como comer batatas fritas e ouvir sobre Barry, o gato de um colega. Gadot, com sua mistura de carisma e determinação, incorpora com maestria a espiã, que parte em busca de capturar, vivo ou morto, o maior traficante de armas do mundo. Em pouco mais de duas horas, Harper tece uma narrativa cheia de reviravoltas e personagens moralmente ambíguos, como Parker, interpretado por Jamie Dornan, cujo desempenho como antagonista ganha profundidade em relação a trabalhos anteriores.

À medida que a história progride, o espectador descobre que Stone, assim como os que a cercam, não é exatamente uma defensora irrepreensível da justiça. Sua conexão com a Carta, uma organização clandestina formada por indivíduos dispostos a sacrificar tudo em nome de uma utópica paz mundial, adiciona camadas à sua complexidade. Essa ambiguidade moral permeia o segundo ato, onde o filme transita entre cenas de ação vertiginosas e momentos introspectivos, questionando os limites da ética em nome de causas aparentemente nobres.

Com uma produção visual impecável e cenas de ação habilmente coreografadas, “Agente Stone” explora os clichês do gênero de maneira inventiva, flertando com a ideia de uma possível sequência. No entanto, sob as camadas de ação e efeitos visuais, reside uma reflexão inquietante: em um mundo onde a linha entre aliado e adversário se torna cada vez mais tênue, até onde estamos dispostos a ir para manter o controle sobre as forças que nós mesmos criamos? A resposta, como o filme sugere, pode ser tão imprevisível quanto o futuro que tentamos moldar.

Filme: Agente Stone
Diretor: Tom Harper
Ano: 2023
Gênero: Mistério
Avaliaçao: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★