Thriller com Mel Gibson e Josh Duhamel baseado em história real e impressionante de um dos maiores criminosos do mundo, na Netflix Divulgação / Amazon Prime Video

Thriller com Mel Gibson e Josh Duhamel baseado em história real e impressionante de um dos maiores criminosos do mundo, na Netflix

Josh Duhamel incorpora com destreza Gilbert Galvan Jr., protagonista de “Bandido”, um filme que entrelaça humor e drama ao narrar as peripécias de um ladrão de bancos cuja audácia o torna milionário. Baseado em um roteiro elaborado por Ed Arnold, Robert Knuckle e Kraig Wenman — pseudônimos que, segundo rumores, poderiam pertencer a antigos parceiros de ofício de Galvan Jr. —, o diretor Allan Ungar constrói uma narrativa envolvente que transcende a superfície do crime para explorar as complexidades psicológicas de seu protagonista.

Ungar mergulha na mente de Galvan Jr., examinando motivações e conflitos internos que talvez escapassem ao olhar menos atento. Essa profundidade se manifesta, por exemplo, no momento em que Galvan Jr. adota uma nova identidade após fugir de uma prisão de segurança mínima, passando a viver como Robert Lee Whiteman. Entre a tentativa de abandonar sua vida de crimes e o desejo de preservar sua fortuna ilícita, o personagem caminha em um fio tênue entre redenção e recaída.

A sobrevivência, como tema central, emerge com força em “Bandido”, retratando como situações extremas podem moldar indivíduos, anulando sua autonomia e transformando-os em peças de um jogo social impiedoso. Galvan Jr., ou Whiteman, ilustra isso ao comprar por míseros 22 dólares a identidade de um sem-teto, passo inicial para a construção de uma nova persona. Sua ambição o leva a cruzar caminhos com Tommy, um cúmplice que divide com ele a visão do próximo grande golpe: roubar um dos maiores bancos do Canadá. A cena é simbólica e marca o início de uma parceria arriscada, mas frutífera, enquanto ambos desafiam não apenas as autoridades, mas também o senso comum sobre moralidade e sobrevivência.

No elenco, Josh Duhamel e Mel Gibson criam uma química intrigante, um equilíbrio entre o carisma de Duhamel e a persona polêmica, mas magnética, de Gibson. Este último adiciona um toque de irreverência ao seu personagem, soltando comentários sarcásticos sobre ícones pop dos anos 1980, como Boy George, sem transformar seu antagonista em um vilão unidimensional. Enquanto isso, Duhamel conduz Whiteman com uma dualidade que alterna entre a aspiração de ser um homem comum e a atração irresistível pelo mundo do crime. Ao lado deles, Elisha Cuthbert, no papel de Andrea, oferece um contraponto emocional à história, representando a possibilidade de uma vida estável, ainda que constantemente ameaçada pelas escolhas do marido.

“Bandido” não se limita ao retrato de um criminoso carismático; ele também reflete sobre as nuances da identidade e da reinvenção. Whiteman, ao mesmo tempo em que desafia as regras, busca se conectar com sua humanidade, seja ao tentar ser um bom pai e marido ou, ironicamente, ao adentrar o universo de Hollywood como produtor de cinema. Anos após suas escapadas, Galvan Jr. encontra um novo propósito ao financiar projetos como “Our Quinceañera” (2019), um filme sobre um filantropo que organiza festas de debutantes para jovens carentes. Essa reviravolta na trajetória do personagem sugere que, para alguns, até mesmo os anos atrás das grades podem trazer redenção.

Allan Ungar, ao conduzir a história de “Bandido”, transcende o que poderia ser apenas mais uma narrativa sobre roubos espetaculares. Ele oferece um estudo sobre caráter, escolhas e consequências, equilibrando o brilho de uma vida de excessos com os custos emocionais e morais que ela acarreta. O resultado é um filme que combina ação, humor e introspecção, mantendo o público envolvido do início ao fim, com personagens cuja complexidade ecoa muito além da tela.

Filme: Bandido
Diretor: Alan Ungar
Ano: 2022
Gênero: Biografia/Crime/Thriller
Avaliaçao: 9/10 1 1
★★★★★★★★★