As festas de fim de ano continuam despertando amor e ódio. Há quem, depois de vencido o longo primeiro semestre, passe a contar os meses, as semanas, os dias, as horas e os minutos para o momento que reputam como o mais sublime de suas vidas. Por outro lado, muita gente não simplesmente não tolera o verdadeiro caos que se instala nessa época, a correria nas lojas, os presentes indesejados, as valsas dançadas em meio a falsas esperanças, a frustração de saber que tudo começa e acaba num prazo draconiano… “No Ritmo do Natal” é daqueles filmes que batem na tecla que as relações humanas resistem a profundas diferenças culturais, que carregamos conosco aonde quer que possamos ir.
Nessa comédia romântica de Peter Sullivan, elas continuam a pesar no tempinho mágico em que almas de ferro dobram-se à força do que não se vê, não se deixa tocar, mas se sente, a cada novo primeiro raio de sol até a manhã mais feliz do ano — que também pode ser de branca neve cobrindo os telhados de meio mundo. Sullivan e os corroteiristas Jeffrey Schenck e Marla Sokoloff abrem o leque das possibilidades cinematográficas típicas dessa época mencionando uma estratégia nada convencional para salvar um negócio de família, tirando da cartola uma ou outra cena meio bizarra.
Não pode haver um período do ano mais propícia a recomeços do que o Natal e as incansáveis luzes coloridas que adornam ruas e casas e desarmam o espírito das pessoas, em meio ao amor e ao ódio que as festas de fim de ano continuam a inspirar. Não por acaso, esse é um tempo em que, a despeito do verdadeiro caos que se instala em lojas sempre cheias, da troca de presentes — trocados por outros muitas vezes, com o coração já frio —, das valsas dançadas em meio a falsas esperanças, nossas convicções balançam, deparamo-nos com a enorme solidão que nos espreita ao longo de doze meses e da vida toda, e nos assalta a urgência de que é fundamental renunciar a velhas ideias e espanar o pó dos sentimentos que não mais nos servem, para que alcancemos, afinal, o que tanto desejamos.
Tocada por essa vontade de fazer do mundo um lugar melhor, Ashley, uma ex-dançarina da cidade grande, elabora um teatro de revista apenas com homens no elenco para salvar o salão de apresentações dos pais. A química de Britt Robertson e Chad Michael Murray conta, mas não é suficiente para tornar “No Ritmo do Natal” um filme… de Natal. Melhor é se concentrar no Papai Noel de Chuck Spitler.
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