“O Amante de Lady Chatterley” é uma história que se destaca pela complexidade e intensidade com que retrata o desejo e a busca por liberdade emocional. Considerado um dos 100 maiores romances do século 20 pelo jornal “Le Monde”, o livro de D.H. Lawrence retorna às telas em uma adaptação cinematográfica recente, dirigida por Laure de Clermont-Tonnerre. A narrativa, envolta em controvérsias desde seu lançamento, foi por tempos censurada em diversos países devido à sua descrição franca e explícita da sexualidade, e o filme de 2022 mantém essa essência, não sendo indicado para menores de idade.
Mas aqui, a obra transcende a simples menção ao autor. Despido do título de seu criador, “O Amante de Lady Chatterley” se revela como um romance pulsante e envolvente, que prende a atenção com uma intensidade singular. A energia que emana do filme se estende além da tela, envolvendo o espectador em um torvelinho de emoções que outras histórias dificilmente conseguem igualar.
A trama ganha força com a relação avassaladora entre Lady Chatterley (Connie Reid) e Oliver Mellors (Jack O’Connell). A direção de Clermont-Tonnerre é decisiva para infundir à narrativa uma paixão urgente e uma química que parece se enraizar na pele dos protagonistas. É como se Reid e O’Connell compartilhassem uma familiaridade que ultrapassa as palavras. No cenário da década de 1920, Connie, uma jovem aristocrata casada, encontra seu casamento abalado pela incapacidade de seu marido, ferido em combate, de lhe proporcionar uma relação íntima. Com a permissão dele para buscar um filho fora do casamento, desde que não haja envolvimento amoroso, Connie inicia um relacionamento com Mellors, o guarda-caça da propriedade, também um ex-soldado. No entanto, o que começa como um acordo racional desdobra-se em uma ligação profunda que desafia normas e ameaça a estabilidade social e emocional da protagonista.
Amantes, na ficção ou na vida real, não são conhecidos por sua discrição. A paixão entre Lady Chatterley e Mellors, intensa e incontrolável, torna-se rapidamente alvo de rumores e traz consequências significativas para ambos. Os desafios que enfrentam são inevitáveis, e cabe a eles decidir até que ponto estão dispostos a sacrificar pela chance de permanecerem juntos.
Essa paixão, porém, tem um impacto transformador em Connie. De cuidadora dedicada de um marido que dependia dela para o bem-estar emocional e físico, ela se permite encontrar a própria voz e redescobrir a alegria. Mellors simboliza não apenas um escape romântico, mas uma ruptura com as expectativas sufocantes que moldaram sua vida. Ao seguir seu coração, Connie opta pela busca da felicidade genuína, consciente dos custos pessoais.
O filme, por sua vez, combina um visual estonteante com cenários bucólicos que evocam uma atmosfera de juventude e inocência, emoldurada por tons pastéis que ressaltam a nostalgia de um amor proibido. Para os românticos que anseiam por histórias que ecoem na alma, “O Amante de Lady Chatterley” é uma obra que promete gravar-se na memória como uma marca indelével, carregada de emoção e beleza.
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